Bets nas escolas! Múcio Morais


Urgente!
Bets ameaçam ambientes escolares e despertam preocupação de Pais e Professores. 

Como se já não bastasse, temos um novo instrumento de impacto generalizado chegando nas escolas, na verdade, em toda a sociedade, mas me reservo a falar sobre a educação formal. AS BETS, licenciadas e devidamente regulamentadas chegaram ao Brasil, empresas de apostas esportivas, um universo que movimenta mais de 1 TRILHÃO de dólares no mundo, onde com um click alguém pode ficar milionário ou perder tudo que tem, supostamente ganhar é fácil, mesmo porque as próprias BETS oferecem estatísticas com probabilidades que tornam a aposta quase certa, salvo algum desastre. 

E, com tanta possibilidade financeira, obviamente nossa desamparada, flexível e medíocre sociedade, a começar pelos legisladores e governantes, não poderiam se furtar a lotar nosso País com centenas de possibilidades de se apostar. 

 


Quero aqui fazer uma triste aposta, em cinco anos teremos mais de 50% dos alunos, pais, professores, gestores e demais profissionais na educação viciados em apostas via BETS, gerando graves problemas na saúde, segurança pública, cultura regional, ambiente escolar e familiar. O que deve promover alienações, dependências, transtornos mentais e emocionais dos mais diversos, despertando a necessidade de ampliação nos serviços e atendimento em diversos setores, criação de leis, regulamentos e judicializações sem fim no espaço escolar. A hora é agora, ou fazemos ou fazemos!

Há alguns dias, transitando por uma escola, vi um professor cercado de adolescentes fazendo estratégia de apostas, as crianças apostam no CPF do professor, alguns utilizam dos Pais, irmãos mais velhos, avós, etc. Obviamente havia ali uma bela integração, mas com propósito duvidoso, aqueles alunos com certeza se tornarão apostadores contumazes e atrairão muitas dificuldades para suas vidas. 

A falta do pensamento crítico já é um grande déficit na vida escolar, imagine então com profissionais alienados e fracos moralmente, inconsequentes e inadequados para a função de educar. 

O que atrai os jovens para apostas?

Estrategicamente, estas BETS combinam a idolatria e admiração pelos atletas e pelos clubes, acesso democrático e simples aos APLICATIVOS de apostas, a confusão em tratar apostas como investimento, a possibilidade de riqueza, dinheiro fácil, o suposto interesse em ajudar o apostador a ganhar, a falsa imagem de responsabilidade ao divulgar suas atividades pela mídia, incluindo chavões como "Jogue com responsabilidade" deixa muitos adolescentes vulneráveis ao risco de perder dinheiro. 

A educação financeira e o debate filosófico honesto sobre o assunto são caminhos para a conscientização desses jovens, uma fórmula simples, mas eficaz, a conscientização coletiva desde sempre é um processo frutífero, atualmente, propostas pedagógicas que incluem a educação financeira no debate sobre jogos de apostas são esporádicas e descoordenadas. Apesar disso, iniciativas nesse sentido são fundamentais para estimular o senso crítico dos estudantes e alertá-los sobre os sérios riscos associados aos jogos de apostas.

São centenas de APLICATIVOS de apostas, inacreditavelmente, algumas estão fortemente nas mídias, bet365: Betano: Parimatch: Novibet: 1xBet: KTO: EstrelaBet: Rivalo: Tigrinho; Cashing App;CashPirate; MakeMoney; Pix Helix; PixMania; Pix Reward...  e outros chegam a cada dia com  propostas das mais mirabolantes aos "apostadores". 

Processos psicoterapêuticos, ajudam?

É uma parte fundamental também, incluirmos na vida escolar tratamentos voltados para identificar as causas do vício e desenvolver estratégias para cura e recaídas, podemos incluir terapias como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), a terapia familiar, a terapia em grupo, a psicanálise ou a terapia motivacional. Todas funcionam, mas tem um preço. 

Momento importante para fazermos as incômodas perguntas que o sistema evita fazer há décadas, que mexem com a estrutura humana de nossa gente, que revela quem realmente somos e para onde não estamos indo, que mexe na realidade do porquê sermos tão vulneráveis a qualquer "oferta", por que estas ofertas nos encantam e nos aprisionam? Por que somos alvos fáceis da anticultura, o que tem de tão bom em nossa zona de conforto? Ou o que isso revela sobre nós? 

Estamos vivendo mudanças administrativas na educação por todo o Brasil, sugiro que esta questão seja considerada e aplicada urgentemente, em meus atendimentos já tenho alunos, pais e professores viciados e a tendência é piorar. 

  • Enviei um e-mail pedindo providências para a questão das Bets a um deputado federal que conheci recentemente em uma convenção, ele leu e respondeu: Caro Professor Múcio, estou atento ao desenvolvimento desse processo, lamentavelmente existem interesses econômicos muito fortes, tanto em ganhos empresariais quanto em impostos. A Bets me parece um processo irreversível. Mas estou acompanhando. Obrigado por seu interesse! Congresso Nacional / Gabinete do Deputado XXXXX; Brasília, 04/11/2024. 

Nesse momento é preciso ser estratégico, as campanhas, por exemplo, podem mais estimular do que educar, as intervenções de choque não atendem a inexistência de raciocínio e pensamento crítico, um movimento psicopedagógico me parece o mais adequado para o momento, obviamente evoluindo para outras ações, mas a base tem que ser plantada com planejamento, sensibilidade e constância. Inteligência se combate com sabedoria. Os Apps são afoitos na IA para atrair nossos jovens, nós temos que ser estratégicos e sábios para trazê-los de volta.  

Talvez o deputado não possa fazer muito, mas nós, localmente, podemos!


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