Esta semana estive dando uma aula cognitiva-comportamental em uma escola, falava com alunos do ensino fundamental II – 9º Ano, eles têm em média 14 anos, são curiosos, animados, meio perdidos, agitados, é, às vezes bem difíceis de conviver, enfim, faço aulas para esta e outras turmas tratando das perspectivas, visão e comportamento na vida, uma terapia filosófica de grande impacto, considerando que levanto temas que normalmente esta geração não discute, nem mesmo em casa.
Falamos sobre humanização, educação para a vida, perspectivas de futuro, origens dos comportamentos "bons e ruins", autoridade, responsabilidade, postura diante da vida, "meus motivos para estudar, estar na escola, ter amigos, família. O valor do respeito ao outro, o valor do outro, a questão do bullying, violência, preconceito, educação emocional, espiritualidade (Não é sobre religião, mas sobre entender a vida completa, inteira. É um conceito que valoriza a totalidade das coisas, onde tudo está interligado.). Você planta, você colhe, quer para o bem ou para o mal.
Nestas aulas fazemos dinâmicas com lições profundas e realistas, entramos no processo de pensamento e orientamos melhores fórmulas e maneiras de se viver.
Entre outras atividades, conto histórias, algumas minhas e
outras emprestadas, na abordagem de um tema relacionado à grandes distâncias a
serem percorridas para alcançar nossos objetivos de vida, contei a eles uma
viagem que fiz de Belo Horizonte até Pedro Juan Caballero, no Paraguai, um
trajeto de 1.500KM que fiz em 30 h, viajando tranquilamente, parando para
observar as paisagens, indo pela BR 267 que passa sobre o Rio Paraná, enorme,
bonito, glorioso, comer alguma coisa típica da região, conhecer pessoas no
caminho, armei barraca para uma soneca em um Posto, enfim, uma bela viagem de
carro.
Contei a eles as melhores partes de uma viagem surreal, mas
sabe o interesse deles? Nada de vistas bonitas, lugares, clima, etc. Eles
queriam saber qual a marca do meu carro, quanto custa comprar um carro como o
meu, quanto custa para se viajar para o Paraguai, a que velocidade eu andava,
se meu carro tem um som potente, que roupa eu usei para viajar, o que comprei no Paraguai, se o carro que me levou ao Paraguai era meu único carro, quantas
vezes eu já fiz esta viagem, para onde mais eu fui, um adolescente perguntou se
eu levei água ou comprei no caminho, me aconselhando que levar água seria muito
mais barato, e por aí aforam as indagações.
Parece estranho? Não é, uma pausa aqui se faz necessário:
A Galerinha está em fase de formação, muitos não têm origens familiares muito promissoras, aqui uma ambiguidade, aparentemente famílias de origem social mais baixa são tidas como o centro dos problemas, mas não é totalmente verdade, muitas famílias com melhores condições socioeconômicas apresentam sequelas graves nos filhos. E falta de padrões educacionais em casa.
Grande parte de nossos alunos olham a si como grandes impossibilidades, travam uma guerra com as dificuldades de aprendizagem, baixa autoestima, necessidade enorme de serem percebidos e fazerem parte, alguns enfrentam carências múltiplas, falta carinho, afeto, amor, acolhimento, respeito, ensinamento, direção, exemplo, referências.
Outros chegam sem as condições mínimas de moradia, até mesmo recursos para a própria higiene, sim, isso mesmo, até nas escolas localizadas em lugares com melhores condições sociais, recebem alunos nas mais precárias condições, e, cobramos destes o mesmo que cobramos de alunos em condições muito melhores.
Onde quero chegar com esta história?
Os alunos não estavam interessados em escutar minhas
experiências, o que eles queriam saber é se estas experiências seriam possíveis
para eles algum dia. Por isso tantas perguntas sobre o pano de fundo da viagem.
Uma chuva de perguntas enfáticas, curiosas e geravam outra e outra
pergunta, os alunos queriam se ver nesta aventura, mas precisavam ter certeza
de que era possível para eles. Que custaria algo dentro das suas possibilidades
e quanto menor o custo, melhor.
Minha lição como Professor!
Os alunos buscam heróis, pessoas em quem possam se espelhar pelos feitos, pessoas como eles com origem parecida, pelo menos em alguns itens, e, que conseguiram realizar, conquistar, fazer, enfrentando todos os obstáculos. Pessoas que digam a eles que eles também podem, que vislumbre neles pessoas vencedoras e que ensine o real sentido de sucesso, ou seja, a questão não é somente fazer ou ter, mas principalmente o ser!
QUEM É, tem mais chance
de ter e fazer. Então, quem é você? E, o que você será? É preciso lidar com
isso nos campos de existência mínima, o profissional e o pessoal. Lidar
sem medo, fazer com que olhem à frente. Creio que é por aí uma parte do
heroísmo.
Bora para o Paraguai?
Múcio Morais
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