Filósofos e picaretas se confundem - Múcio Morais

MÚCIO MORAIS PALESTRANTE | ESCRITOR 
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Quem são os Professores? Minha filha chegou em casa hoje com uma novidade, Papai, estou tendo aula de Filosofia. Puxa que legal, exclamei. E o que você discutiu hoje? Bem, o professor explicou que ele é Ateu, não acredita no sobrenatural nem no espiritual, que este negócio é pura bobagem e que a filosofia explica tudo. 

Também quando foi questionado pelos alunos que creem em Deus, encerrou a conversa dizendo que isso não estava em questão e que não colocaria seus pontos de vista em julgamento. 

POBRE COITADO, chamar esta figura de "Professor de Filosofia" é uma comédia. Os princípios didáticos da discussão filosófica foram completamente destruídos ou ignorados neste pequeno trecho de conversa. De início uma imposição abrupta de um sistema de crenças e valores pessoais, sem questionamentos e sem base. Depois a negativa para discussão do próprio pensamento filosófico enfiado na goela da turma, E pra arrebentar o resto a postura desrespeitosa diante de uma sociedade que respira a divindade, o sobrenatural e a espiritualidade. 

A Filosofia é muito grande pra ser ensinada de forma tão rasteira. O Pensamento filosófico, a capacidade de analisar e avaliar é fundamental para uma sociedade que almeja igualdade e justiça. 

A Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - amor, amizade + sophia - sabedoria) modernamente é uma disciplina, ou uma área de estudos, que envolve a investigação, análise, discussão, formação e reflexão de ideias (ou visões de mundo) em uma situação geral, abstrata ou fundamental. Originou-se da inquietação gerada pela curiosidade humana em compreender e questionar os valores e as interpretações comumente aceitas sobre a sua própria realidade. 

As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Estas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. 

A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das ideias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. 

São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto na ampliação, quanto no questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências". 

Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão(lógica), demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia "Epistemo" significa "ter Ciência" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em: · Epistemologia ou teoria do conhecimento: trata da crença, da justificação e do conhecimento. · Ética: trata do certo e do errado, do bem e do mal. · Filosofia da Arte ou Estética: trata do belo. · Lógica: trata da preservação da verdade e dos modos de se evitar a inferência e raciocínio inválidos. Metafísica ou ontologia: trata da realidade, do ser e do nada. 

Como Mestres temos que ser consequentes com nosso ensino, postura e opiniões. Nosso papel é orientar o aprendizado, não mastigar para o aluno engolir. Somos guias, nossa didática deve ser simples e direcionada ao desenvolvimento do aluno e não complexa, confusa e destrutiva. 

Se queremos destruir mitos, falsos conceitos ou mudar valores distorcidos devemos fazê-lo com o devido cuidado com a consciência alheia. Com respeito ao sistema de crenças e valores do outro, inclusive alunos. 

Violentar a mente não é um princípio filosófico, nem um método que induz à análise, pelo contrário, induz ao rancor, à mágoa e ao revanchismo, as pessoas passam a acreditar no que acreditam apenas pelo contraditório. Professor de Filosofia que não entende estes princípios fundamentais, precisa antes de despejar toda sua teoria em forma de frustações, rever sua posição como ser humano, gente, filosoficamente inserida na sociedade e filosoficamente responsável pela formação do Brasil do futuro. 

Um Brasil sem Deus, sem fé, sem espiritualidade? Uma Guerra de convicções entre a nova e a velha geração? Em que isso vai contribuir? Em minha casa, nada! Não estou defendendo Deus, ele não precisa de mim como advogado. O que defendo é o ensino, a educação com a metodologia adequada. Ensinar o ante espiritual? Tudo bem, mas sempre apresentando as consequências e os dois lados. Filosofia sem aplicação prática não serve pra nada. 

Sou solidário aos Pais indignados com a postura do tal professor. Acredito que temos sim que levantar nossas vozes, filosoficamente temos direito ao livre pensamento e temos direito à exigir uma educação compatível com nosso pensamento. O professor que crie seus filhos sem Deus, e sem direito de descobri-lo. Eu não sou ousado a este ponto. 

MÚCIO MORAIS PALESTRANTE | ESCRITOR 
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