Este é o maior título que já
coloquei em meus artigos, e, fiz um grande esforço na sintetização da ideia,
mas minha indignação foi muito maior que minha capacidade como escritor.
Estas eleições, que mais parecem
uma escolha de grêmio estudantil entre garotos vaidosos e rivais, dada a falta
de conteúdo das campanhas, tem trazido a tona constatações que são antigas mas
que se renovaram em virtude do baixíssimo nível das lideranças políticas atuais.
A serra do Curral integra o
maciço da serra do Espinhaço. É o limite sul do município de Belo Horizonte.
Seu nome alude a Curral del Rei, primitiva designação da localidade onde foi construída
Belo Horizonte em 1897 a capital de Minas Gerais. Sua flora é bastante
diversificada, variando, em gradientes, de áreas de campo rupestre, passando
pelo cerrado até remanescentes da Mata Atlântica.
A seus pés estende-se o bairro
Mangabeiras. A Serra do Curral está abrangida na área de proteção ambiental do
Parque Municipal das Mangabeiras e Parque da Serra do Curral, sua altitude
média varia de 1.100 a 1.350 metros, sendo que o ponto culminante se encontra
no Pico Belo Horizonte a uma altitude de 1.390 metros. A partir de 1955, passou
a abrigar a torres de transmissão de televisão, sendo a primeira antena a da TV
Itacolomi, sempre na liderança, canal 4, belo horizonte, Minas Gerais... (quem
se lembra do indiozinho dançando esta musiquinha na TV?) hahahah
Foi escolhida em 1995 como
símbolo de Belo Horizonte em um plebiscito. Concorriam juntamente com a serra a
Igreja de São Francisco de Assis e a Lagoa da Pampulha. Mas o povo das montanhas
não se esquece de suas origens, somos sim o povo que veio de cima, o povo das
serras, das matas, do serrado, é aí que reside nossa memória desde a infância,
somos de certa forma “o gado de Minas abrigados sob o curral da serra” quem
pode de direito nos tomar nosso lar, nossa casa, nossas memórias?
Nenhum político, nem assembleias,
governos, órgãos técnicos ou tribunais podem atrever-se a tirar de nós mineiros
um pedaço importante guardado dentro de nós, se temos que nos transformar em
gado, que seja, mas nosso curral ninguém toma. A riqueza de nossas tradições
supera em muito os valores minerais nela oculta, Minas tem minério pra todo
lado, não nos venham dizer que o mundo precisa desta destruição, porque não é
verdade, quem precisa são os gananciosos pela riqueza debaixo de nossas patas e
cascos, a crueldade é ignorar o mal que se faz a quem só fez o bem para todos
nós até hoje.
Silenciosa e pacífica em
tempos que que os maus lhe ateiam fogo, por pura crueldade, já lhe mataram
quase toda a flora e esta reviveu, em muitas épocas o canto dos pássaros foram
silenciados pela voracidade de homens brutos, mas a sinfônica do curral retorna
forte e harmoniosa, enviando um recado de paz e um grito mineiro de apelo a sua
própria vida, quem já chorou de dor tantas vezes pelo fogo, pela agua e pela
seca, agora chora pelas lâminas, brocas, sondas e rodas, guiadas inescrupulosamente
e cirurgicamente até o coração, de uma serra, que nos faz gigantes, belos, impávidos colossos, onde em um formoso céu, outrora risonho e límpido, a imagem do
Cruzeiro ainda resplandece...
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Seria muito pedir que se
lembrem desta declaração que desde a tenra idade fizemos? Que nos trazia
orgulho e um sentimento de pertencer à uma nação, um povo, uma terra? Nossa
entrega em defesa de toda beleza que herdamos? Nossa adoração até a própria
morte? Se esta memória não tem mais significado, então tudo está mesmo perdido,
nossa serra do curral e todas as suas irmãs, rios, cachoeiras, matas, chapadas,
planícies, serrado, florestas, fauna, flora, memórias, histórias...
Se esta declaração ainda tem
valor, assistiremos em breve um choque de consciência e corações executivos
quebrados e prostrados diante de nossa serra, esta seria uma visão surreal, mas nos cabe acreditar, não posso crer na morte da sensibilidade e sensatez, não dá pra acreditar que em meio a todos estes iludidos "poderosos" não existam focos de consciências ainda ativas. Será mesmo que o amor acabou? Estamos vivendo a era do gelo nos corações humanos? Algo tão óbvio como preservar nossa serra não pode ser tão complexo e obscuro para um grupo tão pequeno de pessoas, que aliás vieram de nós mesmos, sim, já tiveram coração um dia e possivelmente se elegeram em cima de uma boa causa, sim, antes deles se tornarem a própria causa. Já tiveram sim, razão, consciência e coração!
Como Mineiro que sou, só posso dizer nesse momento, PAREM, ENQUANTO PODEM, SALVEM A SERRA DO CURRAL, aprendam novamente o caminho da ética e do respeito à natureza e ao povo das montanhas. Não tirem de nós o nosso piso!
O Mundo muda à medida que nós
mudamos, isso parece um baita clichê, mas não é, obviamente esta frase não é
devidamente interiorizada o suficiente para provocar o seu próprio enunciado.
Mudança, mudança, mudança...
Fico pensando, como seria viver
em uma sociedade menos fútil, onde se identificasse a vulgaridade e
mediocridade dos comportamentos e houvesse um esforço honesto para mudança, onde
as pessoas pensassem no bem estar do outro, com valores mais espiritualizados, não
religiosos, porque a religião em nossa chamada Pátria, só tem a base do que enganosamente
se chama “fé” e que no pensamento coletivo se transforma fajutamente no
princípio “o importante é acreditar.”