O Mundo muda à medida que nós mudamos, isso parece um baita clichê, mas não é, obviamente esta frase não é devidamente interiorizada o suficiente para provocar o seu próprio enunciado. Mudança, mudança, mudança...
Nos meios onde a cultura e o
saber não são valores essenciais, percebe-se muito mais o fenômeno da mesmice e
da mediocridade humana, os mesmos costumes, as mesmas indagações, os mesmos
questionamentos, mesmos comportamentos e hábitos, é como se o tempo parasse
para estas pessoas.
Um exemplo positivo que trago em
minha vida é a minha antiga vizinhança, morei por alguns anos em um bairro de
classe média na cidade de Belo Horizonte, não era inicialmente um bairro deste
status, mas houve ao longo de alguns anos um interesse, por influência não determinada, em uma busca pela educação formal,
melhoria de vida e desenvolvimento pessoal.
Escolas de bom nível, ao
perceberem a nova demanda, se estabeleceram na região, algumas das Igrejas
tradicionais e cultos de origem espiritualista e intelectualmente fundamentados
foram chegando, um centro de atividades culturais foi construído, aos poucos os polos que aglomeravam a cultura
do álcool, do barulho, do inferninho, da indiferença aos outros, das discussões
chulas, foram confinados a espaços não muito nobres, e hoje, somente um desses
pontos sobrevive dentro daquele bairro, e, apenas serve como um recanto para os
saudosos que param por lá para reverem os amigos e tomarem um aperitivo, sentados
e comportados contribuem com um clima de
domingo a tarde!
Aquele bairro teve uma evolução
humana e espiritualista inacreditável, não que tenha se transformado no
paraíso, isso não, mas um ar de cidadania entendida e praticada, um certo pudor
nas relações, mesmo aquelas aleatórias ou desconhecidas, uma fraternidade
interessada e franca, respira-se respeito e a busca do crescimento. Um Lugar
diferente hoje, um lugar melhor para se viver e gozar da sonhada paz relativa,
qualidade de vida e segurança emocional no que depende do ambiente equilibrado.
Os Natais saíram dos botecos e
voltaram para os lares, as festas se transformaram novamente em festas, não em um
ajuntamento de beberrões, uma transformação. Pessoas que ano a ano deram à
comunidade uma versão melhor de si mesma, gente que se conscientizou que a
missão de crescer é de todos nós e que crescendo nos tornamos cada vez mais “UM”
e isso nos torna mais fortes.
Entender as necessidades dos
outros trouxe empatia e consequentemente simpatia, com as velhas desculpas
sepultadas ano a ano, tive minhas convicções autenticadas por uma comunidade
real em uma cidade real com pessoas reais.
Hoje não mais resido naquela
comunidade, por força das correntezas da vida mudei-me para um lugar onde a
visão de crescimento humano sequer passou por perto, isso obviamente no aspecto
geral, sem ignorar algumas joias raras do lugar. Aqui se vê de tudo, estupidez, ignorância,
indiferença, convivência com a falta de desejo de aprender e crescer, pessoas
vivendo pelo puro instinto do gostar, da vontade de fazer, do prazer pelo
prazer, gente nas primitivas sensações e motivos, um show de egoísmo, inconsistências
e superficialidade, verdadeiras trevas que acinzentam o lugar, e os incomodados,
aquelas joias raras das quais falei, quase todos insatisfeitos, calejados pela
indiferença dos outros, afinal como comunicar-se com uma pedra? O negócio é assistir
atordoados a degradação dos valores, afinal viver em um lugar onde se tem que
expressar as mesmas coisas diariamente, pedindo um respeito mínimo, é desgastante.
Mas já vi milagres e muitas
situações como esta antes e ainda acredito no ser humano, no poder da
espiritualidade, educação e da consciência, que mesmo nas almas mais primitivas
podem se manifestar de maneira inexplicável e promover mudanças. Alguns podem
chamar isso de “Caída da ficha”, conversão, iluminação, abertura da
consciência, susto, enfim...
Dar ao mundo uma versão melhor de
si mesmo a cada dia, é mais que uma missão, é uma obrigação, isso mesmo, somos
obrigados por força da melhor convivência e crescimento pessoal, esta missão
certamente traz a sensação de “Vida com significado”, sim, com esta autenticação.
O Significado que a vida ganha nesse processo individual, forma uma
coletividade sadia, com relações muito além de amizade de boteco, mas
aprofundadas e com efeitos visíveis e poucos desequilíbrios.
Os que já estão no processo de
crescimento certamente são os que mais sofrem as consequências, caminhando
entre o lixo espalhado na estrada pelos que conosco, ainda sem o entendimento
da espiritualidade e educação pessoal, caminham tropicando pela vida.
Múcio Morais