AS VELAS DO MUCURIPE - RAIMUNDO FAGNER

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Mucuripe

Fagner & Belchior


A música “Mucuripe”, um grande sucesso composto pelos cearenses Fagner (1949) e Belchior (1946) teve, na verdade, duas versões.

A primeira, com letra e música frutos apenas da inspiração de Belchior, não é conhecida. Era cantada, pelo autor, em encontros boêmios de Fortaleza, principalmente, no Bar do Anísio, localizado na praia que deu o título à música e nas rodas de músicas do chamado “pessoal do Ceará”, grupo de talentosos artistas cearenses que faria história na MPB.

Posteriormente, Fagner fez uma nova versão em cima da mesma letra. Esta ficaria famosa ao ser gravada por dois monstros da MPB: Roberto Carlos (confira em ‘O tempo não apagou’) e Elis Regina (ouça adiante!), se tornando a definitiva.

Belchior, no livro, “No tom da canção cearense – Do rádio, e TV, dos lares e bares na era dos festivais (1963-1979)”, do historiador cearense Wagner Castro, conta como se inspirou para fazer a música: “Mucuripe” veio da ideia de fazer desde um filme antigo em que vi aconselhando a mulher de um marinheiro: dizendo que ela deixasse receber todos os seus sofrimentos, todas as suas mágoas […] Então resolvi fazer uma música sobre isso; a questão do Mucuripe, do significado do nome e porque naquela altura Mucuripe era um local muito poético, com suas dunas […].

Já a versão posterior de Fagner foi vencedora do Festival do CEUB de Brasília. O próprio Belchior admite, no citado livro, que a versão do conterrâneo era melhor que a sua: “[…] Eu fiz um scanner de “Mucuripe”, com letra e música e depois o Raimundo Fagner fez uma música bem melhor que a minha […]. Depois, com muito prazer, eu deixei de cantar a minha”.

Belchior aproveitou para fechar a música com uma conhecida frase de Augusto Pontes. “Vida, vento, vela, leva-me daqui” se ajustou com perfeição ao enredo da música se tornando um dos seus pontos fortes. Augusto, uma espécie de guru do pessoal do Ceará, declarou, em uma entrevista de 2006, não se importar com o uso do seu verso: “[…] Eu considero isso uma homenagem, não faz mal nenhum terem usado não.[…]Nunca pedi parceria por isso. São todos grandes amigos, é natural que um use uma frase ou outra […]”.

Outra curiosidade sobre a música: em torno de 1972, Fagner chegou a morar na casa de Elis Regina, que se tornara sua amiga. Naquele tempo, o cearense de Orós estava prestes a gravar o seu primeiro LP “Manera Fru-Fru”, quando conheceu Ivan Lins por meio de Elis. A convite de Fagner, Ivan, que na época ainda não tinha grande vivência em arranjos, mas se mostrava um estudioso de música, se transformou, curiosamente, no primeiro arranjador da versão gravada de “Mucuripe” (ouça adiante!) .

Fonte: drzem.blogspot
Extraído de http://museudacancao.blogspot.com.br/

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