Há autores que definem a era
moderna como a Idade da Ansiedade, associando a este acontecimento psíquico a
agitada dinâmica existencial da modernidade; sociedade industrial,
competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante.
Diz-se que a simples participação do indivíduo na sociedade contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente para o surgimento da Ansiedade. Portanto, viver ansiosamente passou a ser considerado uma condição do homem moderno ou um destino comum ao qual todos estamos, de alguma maneira, atrelados.
Nas últimas décadas, a expressiva
mudança em todos os níveis da sociedade passou a exigir do ser humano uma
grande capacidade de adaptação física, mental e social. Muitas vezes, a grande
exigência imposta às pessoas pelas mudanças da vida moderna e, consequentemente,
a necessidade imperiosa de ajustar-se à tais mudanças, acabaram por expor as
pessoas à uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e
desestabilização emocional.
O endocrinologista canadense Hans
Selye (1907-1982) foi o primeiro a pesquisar seriamente o estresse na década de
1930. Ele observou que organismos diferentes apresentam um mesmo padrão de
resposta fisiológica para estímulos sensoriais ou psicológicos. E isso teria
efeitos nocivos em quase todos os órgãos, tecidos ou processos metabólicos.
fungos, etc.
O estresse patológico surge como
uma consequência direta dos persistentes esforços adaptativos da pessoa à sua
situação existencial.
Seria impossível e, ao mesmo
tempo, extremamente indesejável eliminar completamente todos os tipos de
Estresses. Fisiologicamente, a ausência total de Estresse equivale à morte. O
que devemos tentar fazer é reduzir, nas pessoas, os efeitos danosos do Estresse
que sociedade proporciona e sensibilizá-las para os meios capazes ajudar a
administrar melhor os estressores do cotidiano.
Devemos buscar uma postura onde o
Estresse seja um acontecimento positivo e não um empecilho ao desempenho
pessoal, à saúde e à felicidade. O ideal seria adquirirmos habilidades para melhorar
física e mentalmente nossa resistência ao Estresse, bem como eliminar o
Estresse desnecessário. Atitudes assim baseiam-se na modificação de alguns
aspectos no estilo de vida nas atitudes.
Aproximadamente 50 a 75% de todas
as consultas médicas estão direta ou indiretamente relacionadas ao Estresse. A
medicina não deve ter apenas um papel importante no tratamento das doenças
ligadas ao Estresse, mas também e principalmente, deve dar ao assunto uma
conotação preventiva e educacional. Conhecer o Estresse, suas causas, sinais e
sintomas, é de fundamental importância para aprendermos a lidar com ele.
Procurando significados para a
palavra Estresse (stress, em inglês), vamos entender que estar estressado
significa "estar sob pressão" ou "estar sob a ação de estímulo
persistente".
Na realidade, estar estressado
não significa apenas estar em contato com algum estímulo mas, sobretudo,
significa um conjunto de alterações acontecidas num organismo em respostas à um
determinado estímulo capaz de colocá-lo sob tensão. Sem esse tal "conjunto
de alterações" não se pode falar em Estresse. Mas essa reação do organismo
aos agentes estressores tem um propósito evolutivo. É uma resposta que a
natureza dotou os animais superiores ao perigo.
Hans Selye dividiu toda reação de
Estresse em três estágios. O primeiro estágio, como veremos amis adiante, é a
chamada Reação de Alarme, durante a qual o organismo reconhece o estressor e
começa ativando o sistema neuroendócrino.
No Sistema Endócrino as glândulas
suprarrenais são as mais prontamente ativadas e produzem os hormônios típicos
do Estresse, ou seja, o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina. Por causa
disso, notadamente por conta da adrenalina, os batimentos cardíacos aceleram,
há dilatação das pupilas, aumenta a sudorese e aparece hiperglicemia (aumento
dos níveis de açúcar no sangue).
Concomitantemente a digestão é paralisada,
o baço se contrai para expulsar mais glóbulos vermelhos para aumentar o
fornecimento de oxigênio aos tecidos e interrompe a atividade imunológica (imunossupressão),
por conta do cortisol. Depois dessa primeira reação de alarme existem mais duas
fase fisiológicas no Estresse, a adaptação e o Esgotamento, vistas mais
adiante.
A função de toda essa revolução
orgânica é preparar o organismo para a ação, para adaptação imediata à situação
causadora do Estresse para, em essência, favorecer a sobrevivência. Portanto, o
Estresse não implica, obrigatoriamente, numa alteração patológica e doentia.
Longe de considerarmos o Estresse
uma armadilha da natureza, esse conjunto de alterações fisiológicas tem como
principal objetivo adaptar o indivíduo à situação proporcionada pelo estímulo
estressor. O estado de Estresse está, então, intimamente relacionado com a
capacidade de adaptação do indivíduo à circunstância atual. Ele contribui para
a sobrevivência das espécies, incluindo a nossa.
Há quem compare o Estresse com o
susto e, de fato, há semelhanças entre as alterações fisiológicas que acontecem
durante um susto com aquelas do Estresse. Assim, podemos dizer que o Estresse
seria como um estado de susto crônico e continuado. O Estresse envolve o
organismo como um todo e, assim como o aumento de adrenalina e cortisona possam
ser considerados componentes endócrinos do Estresse, a ansiedade seria,
igualmente, um dos componentes psíquicos.
Nenhuma alteração do organismo
terá início se não houver, antes, a presença de um estímulo estressor. Podemos
chamar de Estímulo Estressor ou Agente Estressor, qualquer estímulo capaz de
provocar num organismo, esse complexo conjunto de respostas orgânicas, mentais,
psicológicas e/ou comportamentais definidas como Estresse.
Embora haja uma vasta série de
modificações na composição química e na estrutura funcional do organismo diante
do Estresse, estas podem ser consideradas fisiológicas e necessárias à
adaptação do indivíduo à situação atual, porém, sendo muito intensas ou muito
duráveis, tais modificações podem resultar em dano ou lesão. Nesse caso, ao
invés de contribuírem para a adaptação farão exatamente o contrário.
A própria classificação
internacional das doenças (CID.10), agrupa num mesmo capítulo as Reações Agudas
ao Estresse Grave e os Transtornos do Ajustamento (adaptação), sugerindo assim
que uma pode levar ao outro.
Na década de 30, o pesquisador
canadense Hans Selye, quem estudou pela primeira vez e profundamente essa
questão, denominou o conjunto das modificações orgânicas resultantes do contato
do organismo com um determinado estímulo desencadeador de tensão de Síndrome
Geral de Adaptação (SGA).
O que é o Estresse
Ao se deparar com o Agente
Estressor, que pode ser interno ou externo, o organismo desenvolve um processo
fisiológico, que consiste no somatório de todas as reações sistêmicas, conhecido
como Síndrome Geral de Adaptação. Assim, podemos entender que essa Síndrome
Geral de Adaptação ou Estresse é a alteração global de nosso organismo para
adaptar-se à uma situação nova ou às mudanças de um modo geral.
O Estresse é, portanto, um
mecanismo normal necessário e benéfico ao organismo, pois faz com que o ser
humano fique mais atento e sensível diante de situações de perigo ou de
dificuldade. Mesmo situações consideradas positivas e benéficas, como é o caso
por exemplo das promoções profissionais, casamentos desejados, nascimento de
filhos, etc., podem produzir Estresse.
Na adaptação do organismo (e da
mente) aos estímulos estressores, devemos entender que mesmo as situações que
requerem pequenas mudanças ou adaptações, podem gerar um grau discreto de
estresse, variável de pessoa a pessoa, conforme as características pessoais de
reagir aos estímulos.
Em termos científicos, o estresse
é a resposta fisiológica e de comportamento de um indivíduo que se esforça para
adaptar-se e ajustar-se a estímulos internos e externos. Como a energia
necessária para esta adaptação é limitada, se houver persistência do estímulo
estressor, mais cedo ou mais tarde o organismo entra em uma fase de
esgotamento.
Sabendo que cada pessoa reage de
forma diferente aos estímulos da vida, elas também terão limiares diferentes de
esgotamento por estresse. Segundo a sensibilidade afetiva da pessoa, portanto,
segundo a "visão" que cada um tem da realidade, da valorização do
passado ou das perspectivas do futuro, as reações de estresse podem ser mais
favorecidas ou menos. Uma representação pessimista da realidade pode favorecer
estas reações, enquanto a representação positiva pode amenizar os efeitos
estressores.
Uma "dose baixa" de
Estresse é normal, fisiológico e desejável. trata-se de uma ocorrência
indispensável para nossa saúde e capacidade produtiva. As características desse
Estresse positivo são: aumento da vitalidade, manutenção do entusiasmo, do
otimismo, da disposição física, interesse, etc. Por outro lado, o Estresse patológico
e exagerado pode ter consequências mais danosas, como por exemplo o cansaço,
irritabilidade, falta de concentração, depressão, pessimismo, queda da
resistência imunológica, mau-humor etc.
Do ponto de vista pessoal,
mudanças ocorrem em nossas vidas continuamente e temos sempre de nos adaptar à
elas. Nesses casos o Estresse funciona como um mecanismo de sobrevivência e
adaptação, necessário para estimular o organismo e melhorar sua atuação diante
de circunstâncias novas.
Do ponto de vista social e
cultural as mudanças cotidianas, em si, não são novidade na civilização humana,
elas são, na realidade, a base da evolução de nossa espécie. O que, talvez,
seja novo ao ser humano e perigoso à sua saúde, é a velocidade sem precedentes
com a qual essas mudanças e as exigências que elas propiciam acontecem na vida
moderna. Essas mudança estão em toda a parte; mudanças importantes na
tecnologia, na ciência, medicina, ambiente de trabalho, nas estruturas
organizacionais, nos valores e costumes sociais, na filosofia e mesmo na
religião. Há, continuamente, uma enorme solicitação de adaptação às pessoas em
geral, tanto para os jovens como para os mais velhos.
O Estresse na Vida Moderna
A Ansiedade, que é a mola
propulsora do Estresse, é um sinal de alerta que adverte sobre a necessidade de
mudar e adaptar-se, ou sobre eventual perigo iminente, e capacita a pessoa para
medidas eficientes nesse sentido. O indivíduo ansioso age, coloca-se em posição
de alerta, física e psiquicamente; dilata as pupilas, acelera o coração,
diverge o sangue para musculatura voluntária, aumenta a glicose circulante,
dilata os brônquios.
A Ansiedade, originalmente
fisiológica e indispensável à vida normal, passou a ser objeto de distúrbios
quando o ser humano colocou-a não a serviço de sua sobrevivência, como fazia
antes, mas a serviço de sua existência, com o amplo leque de circunstâncias
quantitativas e qualitativas desta existência. Assim, o Estresse passou a ser o
representante emocional da Ansiedade, sua correspondência psíquica e
determinada de acordo com características pessoais.
O fato de um evento ser percebido
como estressante não depende apenas da natureza do mesmo, como acontece no
mundo animal, mas do significado atribuído à este evento pela pessoa, de seus
recursos, de suas defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. Isso tudo diz
respeito mais à personalidade que aos eventos do destino em si.
Arqueólogos consideram que homem
primitivo trabalhava muito menos que nós, cerca de vinte horas semanais. Sua
jornada diária correspondia à caça e colheita de frutos. O ser humano primitivo
manifestava sua ansiedade de maneira muito próxima ao sentimento de medo, um
medo especificamente dirigido a um objeto ou situação específicos e delimitados
no tempo e no espaço, ou seja, a situação, o perigo e a ameaça estavam de fato
ali, nesse determinado lugar e nesse determinado momento.
Em nossos ancestrais o mecanismo
do Estresse foi destinado à sobrevivência diante dos perigos concretos e
próprios da luta pela vida, como foi o caso das ameaças de animais ferozes, das
guerras tribais, das intempéries climáticas, da busca pelo alimento, da luta
pelo espaço geográfico, etc.
No ser humano moderno, apesar
dessas ameaças concretas não existirem mais em sua plenitude, tal como
existiram outrora, o equipamento biológico do Estresse continuou existindo. Permaneceu
em nossa natureza como capacidade para reagirmos ansiosamente diante das
ameaças.
Com a civilidade do ser humano
outros perigos apareceram e ocuparam o lugar daqueles que estressavam nossos
ancestrais arqueológicos. Atualmente a maioria dos estímulos desencadeadores
desta emoção é inespecífica, não podem ser localizados no tempo e no espaço.
Hoje em dia tememos a competitividade social, a segurança social, a competência
profissional, a sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e uma
infinidade de ameaças abstratas mas reais para nós, enfim, tudo isso passou a
significar a mesma ameaça de perigo que ameaçavam a sobrevivência de nossos
ancestrais. O ser humano moderno coloca-se em posição de alarme diante de um
inimigo abstrato e impalpável mas, não obstante, que dorme e acorda com ele.
Se nas sociedades primitivas e
neolíticas nossos ancestrais experimentavam estresse diante dos perigos
objetivos da sobrevivência física, hoje em dia o Estresse surge quando a pessoa
julga não estar sendo capaz de cumprir as exigências da sobrevivência social,
quando sente que seu papel social está ameaçado. Diante disso o organismo reage
através da Síndrome Geral de Adaptação a fim de tentar se adequar às exigências
que lhe são impostas.
Mesmo na Idade Média o ser humano
ainda trabalhava pouco em comparação ao homem moderno. Havia o descanso
obrigatório aos domingos e cinquenta feriados por ano, sendo braçais a maioria
dos trabalhos, os quais sempre terminavam ao pôr-do-sol. Também, em termos de
estimulação e de necessidades de conhecimentos para o simples cotidiano, o que
se exigia de um cidadão comum da Idade Média era infinitamente menor que
precisa hoje uma criança de 12 anos.
Tudo leva a crer que o ser humano
começou, de fato, a padecer por Estresse excessivo depois da Revolução
Industrial. Talvez o que a vida passou a exigir das pessoas nesses últimos 80 a
50 anos tenha sido imensamente maior que o desenvolvimento da capacidade
neuro-psicofisiológica de adaptação, resultando, pois, nas dificuldades em
conciliar harmonicamente as necessidades adaptativas da vida social e nossos
recursos orgânicos.
Durante uns 40 anos do Século XX
o êxodo rural levou milhões de pessoas a trocar a vida do campo pela agitação
das cidades, com suas características competitivas, agressão urbana, desafios
profissionais e de sobrevivência. O ritmo frenético da vida moderna talvez
tenha exigido demasiadamente do corpo humano e até a possibilidade de adoecer
passou a ser uma ameaça potencial ao sucesso social da pessoa.
Nossos conturbados tempos
modernos não têm sido favoráveis ao equilíbrio e ao desenvolvimento pleno e
sadio do corpo humano, apesar de todo o progresso da medicina, das conquistas
científicas, técnicas e sociais que sempre têm objetivado isso. Hábitos
alimentares inadequados, a poluição do ar e da água, a agressão sonora e visual
do ambiente, a insegurança social e no trabalho, a violência urbana, as crises
econômicas e muitas outras fontes de estresse importantes acabam esgotando a
capacidade adaptativa da pessoa.
Assim sendo, a maioria dos
autores acredita que parte expressiva das razões para o estresse é determinada
pelo modo como nossa sociedade está organizada, pela industrialização, pelo
consumo e pela concorrência, especifica os tipos de relações que serão mantidas
e as exigências que deverão ser cumpridas, gerando condições mais ou menos
estressantes de trabalho, das estruturas familiares e social.
Outro agravante do estresse, em
seu aspecto cultural, está na "liberdade" que a pessoa tem de
expressar os comportamentos e atitudes fisiologicamente próprias do estado de
tensão. No mundo moderno não é socialmente aceitável que a pessoa manifeste
comportamentos típicos de fuga ou luta, que era a função natural e o objetivo
biológico original do estresse.
Assim, o ser humano moderno, ao
se confrontar com estímulos estressores do cotidiano, do trabalho, da vida
social e pelas ruas é impedido de manifestar reações de agressão ou de medo
sincero, sendo obrigado a apresentar um comportamento emocional ou motor politicamente
correto, porém, incongruente com sua real situação neuroendócrina. Se a
situação estressante persiste indefinidamente pode sair muito caro,
organicamente, o custo de desempenhar um papel social incompatível com a
natureza biológica do estresse. Haverá um elevado desgaste do organismo,
predispondo certas doenças psicossomáticas.
Entre os estressores de peso
social temos o fracasso, a carga, a manutenção, monotonia e a satisfação com o
trabalho, a pressão para corrida contra o tempo, as ameaças sociais e
financeiras, indução do medo através da violência urbana, as situações
involuntárias de competição, os trabalhos em condições de perigo, a submissão
involuntária aos tabus, a contestação e contrariedade com certos valores, a
contrariedade ou privação de vida social e submissão contrariada às normas.
Fatores Estressantes
Em tese, Estresse é a resposta
fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo que procura se
adaptar e se ajustar às solicitações internas e/ou externas. Essas solicitações
capazes de levar ao Estresse são chamadas de Fatores Estressantes ou Agentes
Estressores.
Assim sendo, Fator Estressor é um
acontecimento, uma situação, uma pessoa ou um objeto capaz de proporcionar
suficiente tensão emocional, portanto, capaz de induzir à reação de Estresse.
Os fatores estressantes podem
variar amplamente quanto à sua natureza, abrangendo desde componentes
emocionais, como por exemplo, a frustração, ansiedade, perda, até componentes
de origem ambiental, biológica e física, como é o caso do ruído excessivo, da
poluição, variações extremas de temperatura, problemas de nutrição, sobrecarga
de trabalho, etc. De um modo geral vale a classificação dos estressores como
está no quadro ao lado.
Podemos ainda considerar os
estressores como tendo origem interna ou externa ao indivíduo. Se colocarmos um
gato junto de um cão feroz, depois de algum tempo o gato estará esgotado;
primeiro ele terá muita ansiedade, entrará em Estresse e, se o estímulo
estressor persistir (presença do cão), ele se esgotará.
Tendo em vista o fato de o gato
representar para o cão uma ameaça menos agressiva que o cão representa para
ele, o cão ficará esgotado depois do gato. Nesse caso o cão representa para o
gato um estímulo estressor externo, por estar fora do gato e, inato, por fazer
parte da natureza biológica de todos os gatos.
Assim sendo, nos animais os
estímulos para desencadear a ansiedade podem ter duas naturezas e uma só
origem: quanto à natureza eles podem ser inatos, como vimos, do tipo gato tem
medo de cachorro ou, por outro lado, condicionados por treinamento e
experiência.
Quanto à origem serão
predominantemente externos, partindo do pressuposto que os animais não têm
condições para alimentarem conflitos intrapsíquicos. Mesmo assim, podemos dizer
que alguns estímulos estressores para animais têm origem interna quando provém
de comportamentos inatos.
No ser humano, dito civilizado,
esses estímulos costumam ter duas origens; podem ser externos e,
principalmente, internos. Os estímulos internos são oriundos dos conflitos
pessoais os quais, em última instância, refletem sempre a tonalidade afetiva de
cada um. Os estímulos externos, por sua vez, representam as ameaças concretas
do cotidiano de cada um.
Nossa capacidade de perceber o
mundo individualmente proporciona uma representação pessoal da realidade. Essa
percepção pessoal da realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de percepção
da realidade. O principal conhecimento que devemos ter disso é que a realidade
será sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de
cada um (para entender melhor veja a sugestão no quadro ao lado).
Nos Animais |
No Ser Humano |
||
Origem |
Natureza |
Origem |
Natureza |
Externos |
Condicionados |
Externos |
Adversidades, conflitos |
Internos |
Inatos |
Internos |
Transtornos afetivos, traços de personalidade |
Portanto, por causa da percepção
individual que temos da realidade não é totalmente lícito dizer que esse ou
aquele determinado fato são estressores, pois alguns fatos podem representar
estressores para alguns e não para outros.
A percepção pessoal da realidade
engloba toda a realidade ou toda nossa maneira de ver e sentir o mundo. Engloba
não apenas a concepção que temos das coisas que estão fora da gente como os
conceitos que temos dentro da gente. Isso inclui também a imagem que nós temos
de nós mesmos, ou seja, inclui nossa própria autoestima.
Nossa autoestima, por exemplo,
pode ser representada mais negativamente ou mais positivamente, de acordo com a
tonalidade afetiva de cada um. Algumas pessoas se veem ótimas, outras se veem
péssimas. Assim sendo, a ideia que nós temos de nós mesmos pode ser um estímulo
agressivo e estressor, causador de ansiedade, se representar uma ideia ruim e
que nos perturba constantemente.
É por causa desses estímulos
internos é que a ansiedade humana tem sido constante e, às vezes, patológica.
As ameaças externas não costumam ser constantes, mas as internas sim. Vejamos o
caso das ameaças concretas acerca de nossa segurança pessoal, por exemplo: a
ameaça de ser assaltados, agredidos, morto, etc.
A possibilidade até existe, nos
grandes centros, mas não é continuada. Há situações onde podemos nos sentir
seguros, racionalmente falando. Entretanto, o estímulo interno não é racional,
é emocional. Isso quer dizer que podemos estar ansiosos devido ao medo de
sermos assaltados e agredidos, embora essa possibilidade prática seja mínima.
Da mesma forma, podemos dizer que
ficar doente seja uma ameaça séria, um estímulo ameaçador importante. É claro
que é. Entretanto, podemos experimentar uma grande ansiedade devido ao fato de
pensarmos que podemos ficar doentes. Esse estímulo é interno e não externo.
Seria externo caso houvesse, de fato, sinais de que nossa saúde está abalada.
Enquanto houver apenas o medo de passar mal, de poder ficar doente, isso será
uma ameaça interna.
Ora, enquanto nos animais os
agentes estressores (estímulos estressores externos) aparecem periodicamente,
no ser humano a presença dos estímulos estressores (internos) pode ser
continuada. Havendo pois, uma afetividade problemática, uma insegurança e
pessimismo vamos sentir ameaças internas continuamente. Vamos dormir com essas
ameaças e acordar com elas. Portanto, nessas circunstâncias podemos ter o
esgotamento.
De modo geral, no ser humano a
afetividade é a moduladora da percepção que temos do mundo e será essa afetividade a maior responsável
por percebermos os estímulos como sendo agressivos e ameaçadores (estressores)
ou não. Mesmo se tratando de um estímulo externo, proveniente do mundo
objetivo, sua eventual natureza agressiva poderá ser mais traumática ou menos
traumática, dependendo da conotação à ele atribuída por nosso afeto.
Assim sendo, os estímulos
ambientais se tornarão estressores não apenas de acordo com a sua natureza
objetiva mas, sobretudo, de acodo avaliação subjetiva que a pessoa faz deles,
atribuindo-lhes ou não importância. O mesmo podemos dizer em relação aos
estímulos internos, ou seja, aos conflitos, frustrações, medos, sentimentos de
perda, etc. Dependendo de nosso afeto essas emoções e sentimentos podem
significar uma ameaça maior ou menor.
A existência dos conflitos pode
ser considerada fisiológica na espécie humana, ou seja, eles existem em todos
nós. Porém, é muito importante saber da capacidade desses conflitos
determinarem uma ansiedade patológica, isso sim merece uma dedicação especial.
Determinarão ansiedade na proporção que significarem ameaça para nós.
A Força dos Estressores
Vários autores tentaram
estabelecer alguma espécie de graduação de importância para os vários estímulos
estressores possíveis no cotidiano. Embora algumas listas possam dar a idéia de
grau ou da força variável dos estressores, como por exemplo, o caso da
separação conjugal que seria mais estressante que mudança de emprego e menos do
que a morte do filho, tais tabelas perdem o valor quando consideramos que as
pessoas são muito diferentes quanto à sua forma de reagir aos desafios impostos
pela vida.
Algumas pessoas podem superar
perfeitamente alguma perda importante, enquanto outros podem desenvolver um
transtorno emocional como resposta à acontecimentos estressantes de menor
importância. As variáveis pessoais desempenham um papel decisivo na maneira de reagir
aos eventos de vida.
De um modo geral, pelo menos é
bom termos em mente que existem categorias de estressores que nos impõem
grandes esforços adaptativos, como por exemplo, a morte de um ente querido, uma
grande perda, severos revezes econômicos, constatação de doença séria, etc., e,
ao lado desses, existem os pequenos acontecimentos estressantes do cotidiano
que acontecem com maior frequência na vida das pessoas e, finalmente, existem
ainda a influência dos conflitos íntimos pessoais.
Mas, além dos acontecimentos
considerados eventualmente estressantes para o desencadeamento e manutenção do
Estresse, há imperiosa necessidade de uma vulnerabilidade pessoal à ansiedade.
Vulnerabilidade pessoal é uma
espécie de tendência constitucional a reagir mais ansiosamente aos estímulos.
Algumas pessoas reagem com uma ativação fisiológica maior aos acontecimentos
estressantes.
Um exemplo médico que pode se
prestar à analogia com o Estresse seria, novamente, o da reação alérgica. Se,
dentro de um mesmo ambiente impregnado de bolor, existirem 10 pessoas e 3 delas
reagirem com espirros, coriza e lacrimejamento, enfim, com sinais de uma rinite
alérgica ao mofo, não se pode, medicamente falando, atribuir ao fungo do bolor
a causa exclusiva para tal rinite.
Se assim fosse todos os demais
também teriam essa reação. Para ocorrer a reação alérgica é indispensável
existir o mofo mais a sensibilidade pessoal. No máximo, podemos dizer que para
a reação alérgica do exemplo são necessários dois elementos; o fungo e a
sensibilidade da pessoa.
Ao se estudar a Violência Urbana
e suas consequências psiquiátricas, podemos encontrar tabelas (como a abaixo)
que listam estímulos estressores relacionados ao desenvolvimento Transtorno por
Estresse Pós-Traumático de intensidade moderada ou grave. Atualmente, as
guerras e os refugiados que estas ocasionam, também estão sendo objeto de
especial atenção por parte dos investigadores.
De qualquer forma é fundamental
ter em mente que a força dos estressores depende mais da sensibilidade do
sujeito do que do valor do objeto, ou seja, depende de como e com que peso a
pessoa valoriza o evento (interno ou externo), mais do que o evento em si. Há
pessoas que vivenciam as mesmas experiências que outros e regem diferentemente,
experimentando estresse de grau variado ou, às vezes, nem se estressando. É por
isso que estudamos, a seguir, o aspecto pessoal dos estressores.
Efeitos Pessoais dos Estressores
Nossa capacidade de conhecer o
mundo decorre de nossa percepção pessoal da realidade. Essa percepção pessoal
da realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de procepção da realidade.
O principal conhecimento que
devemos ter disso, é que a realidade será sempre representada intimamente e de
acordo com os filtros afetivos de cada um, ou seja, de acordo com a
sensibilidade (afetiva) de cada um.
A percepção pessoal da realidade
engloba toda a realidade ou toda nossa maneira de ver e sentir o mundo e só
essa realidade (única para nós) nos interessa. Nossa percepção pessoal da
realidade engloba não apenas a concepção que temos das coisas que estão fora da
gente, como os fatos, eventos, objetos, pessoas, etc., mas também os conceitos
que cultivamos dentro da gente, nossas escalas de valores, nossos conflitos e
complexos. Dentro de todo esse material interno ou intrapsíquico inclui-se,
também, a imagem que nós temos de nós mesmos, ou seja, inclui nossa autoestima.
Nossa autoestima, por exemplo,
poderá ser representada mais negativamente ou mais positivamente, de acordo com
a tonalidade afetiva de cada um. Algumas pessoas se veem ótimos, outras se veem
péssimos. Assim sendo, a ideia que temos de nós mesmos pode, por si só, ser um
estímulo agressivo e causador de ansiedade, caso seja uma ideia de nós seja uma
ideia ruim e que nos perturba constantemente.
Mesmo em se tratando de um
eventual estímulo externo, proveniente do mundo objetivo e concreto, sua
natureza agressiva poderá ser mais traumática ou menos traumática, ou seja,
mais estressante ou menos estressante, dependendo da conotação mais agressiva
ou menos agressiva à ele atribuída por nossa sensibilidade (afetiva). Ter que
falar em público, por exemplo, pode representar uma ameaça maior ou menor,
dependendo das circunstâncias pessoais.
Vendo uma antiga fotografia de
algum ente querido já falecido, algumas pessoas experimentam sentimentos
tenros, suaves, saudosos e até agradáveis, outras, por sua vez, podem
experimentar sentimentos de angústia, tristeza, sensação de perda, pesar,
enfim, sentimentos desagradáveis. O que, realmente, dentro das pessoas faz com
que essa foto seja valorizada (Representada) dessa ou daquela maneira é a
Afetividade.
A Afetividade é, pois, quem dá
valor e Representa nossa realidade. Essa Afetividade também é capaz de representar
um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, estressante, e é capaz de
nos fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é
capaz de produzir pânico ao nos fazer imaginar que podemos morrer de repente.
A Afetividade valoriza tudo em
nossa vida, tudo aquilo que está fora de nós, como os fatos e acontecimentos,
bem como aquilo que está dentro de nós (causas subjetivas), como nossos medos,
nossos conflitos, nossos anseios, etc. A Afetividade valoriza também os fatos e
acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras.
O melhor exemplo que podemos
referir para entender a Afetividade, conforme já falamos em outros locais desse
site, é compará-la à óculos através dos quais vemos o mundo. São esses
hipotéticos óculos que nos fazem enxergar nossa realidade desse ou daquele jeito.
Se esses óculos não estiverem certos podemos enxergar as coisas maiores ou
menores do que são, mais coloridas ou mais cinzentas, mais distorcidas ou fora
de foco. Tratar da Afetividade significa regular os óculos através dos quais
vemos nosso mundo. Ballone GJ, Moura EC - Estresse - Introdução - in. PsiqWeb,
Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008;
Sucesso a todos!
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