Pela manhã, bem cedin, todos se sentaram à mesa para um
café com broa antes de ir pra lida, ordenha, apartar as galinhas que estão “ponhadas”,
colocar lavagem para os porcos, alpiste e jiló pros passarin, pegar as fruta
que caíram no chão a noite e dar pros bicho, jogar milho pras galinha, buscar
os latão nos poste das cerca, a gente deixava emborcado pra secar durante a
noite, enfim, muito serviço, mas naquele dia algo estranho despertou a atenção
de todos e começou a gritaria, “Rainha” a vaga mais bonita e amada da fazenda
não estava lá, a porteira da fazenda estava com a corrente serrada, e é claro,
por lá levaram nossa melhor vaca, nunca mais a vimos, ela era avermelhada,
chifres grandes, alta, postura de realeza, daí o nome “Rainha”, ela tinha os
bezerros mais bonitos, era arisca, mas com carinho se deixava conquistar, um
vaca linda.
Eu era uma criança, mas já participava do movimento na
fazenda, trabalhava muito, gostava e me divertia com os peões, mas nos dias
seguintes, nem eu nem ninguém fomos os mesmos, tristeza pelos cantos, as
cantigas engasgadas não saíam, aquele silêncio onde antes só havia festa,
sorrisos, brincadeiras e causos, e claro, meu tio berrando com todos nós. Mas
por dias o clima ficou ruim. E pra completar a tia dizia a todo tempo: Pois é
Zé, eu avisei ocê, falei que tavam roubando lá fora e ocê nem ligou, eu falei,
eu disse, eu avisei, eu acordei ocê, mas ocê não fez nada e deixou nossa Rainha
ser roubada. Ahhhhhhh Zé, nunca vou perdoar ocê. Toda hora eu escutava isso
hahahaha, meu tio, pobrezinho, abaixava a cabeça, não dizia nada,
mas descarregava a raiva em nós, na lida.
Um descuido, uma desatenção, uma preguicinha, uma dedução,
uma intuição errada e a vaca foi pro brejo. É assim mesmo em nossa vida, um
descuido, um sim onde deveria ter sido não, um vou onde deveria ter sido não
vou, um quero onde deveria ter sido não quero, um não posso ao invés de ter
sido um “eu posso”, é isso, um descuido em momentos cruciais e estamos sem a
vaca no outro dia. Oportunidades perdidas, sonhos desfeitos, por um descuido,
uma palavrinha, uma atitude.
Quantas vezes este “descuido” já nos custou caro? Aquela ação ou palavra não realizada ou não dita, aquele momento de
segundos.
Temos uma mente poderosa, Especialistas afirmam que nosso
cérebro recebe de seus sensores cerca de 11 milhões de bits de informação por
segundo, embora todas essas informações não sejam completamente processadas por
nossa consciência, como você deve ter imaginado, mas temos a capacidade de dar
a atenção necessária a cada momento da vida, este descuido que nos faz sofrer
por anos com uma decisão precipitada seja ela qual for, é desnecessário, a vida
por funcionar muito melhor que isso, basta usarmos o nosso cérebro, amparado
por limites de valores como bom senso, equilíbrio, sabedoria, experiência,
enfim, temos a capacidade de não vivermos de descuido em descuido. De erro em
erro. De mico em mico. Ou seja lá o nome que você queira dar.
Pense, analise, demore se precisar, avalie, e então tome
decisões. Isso vai eliminar os erros? Não! Mas vai minimiza-los, reduzir
bastante o percentual de bagaceiras em sua vida. Pode acreditar.
Ah sim, uma coisa importante, cuide de sua mente para que
ela tenha condição para te ajudar, mantenha uma situação de equilíbrio mental,
cultive a meditação e o sossego, fuja dos ritmos frenéticos, alucinantes, isso
te coloca em uma situação mental desfavorável, sabia? Pois é! Exercite leituras
de bom nível, escolha bons temas, desafie-se a aprender, não seja parceiro da
estagnação, aprenda a mudar, experimente novos sabores, coloque a sua mente
para funcionar.
Chega de descuidos, bora ser feliz!
Múcio Morais (031) 99389-7951 * Palestras e Workshops *