Linguagem e pensamento - Múcio Morais

LINGUAGEM E PENSAMENTO O PENSAMENTO - 

Pensar é formar conceitos que organizam nosso mundo, resolvem problemas, tomam decisões eficientes e efetuam julgamentos. Pensamento ou cognição é a atividade mental associada com o processamento, a compreensão e a comunicação de informação. 


Ao pensar sobre os incontáveis eventos, objetos e pessoas em nosso mundo, simplificamos as coisas. Agrupamos em conceitos – agrupamentos mentais de objetos, eventos e pessoas similares. Imagine a vida sem conceitos. Precisaríamos de um nome diferente para cada objeto e ideia. Não poderíamos pedir a uma criança para “jogar a bola”, porque não haverá conceito de bola. Um tributo à nossa racionalidade é a habilidade de formar e usar conceitos. 

Outro é a nossa habilidade em resolver problemas ao lidarmos com situações novas. Resolvemos alguns problemas por tentativas e erros, por algoritmos (um procedimento passo a passo que garante uma solução), ou através da HEURÍSTICA (estratégias simples de aproximação). 

Às vezes nem percebemos que usamos alguma estratégia para a solução de problemas; a resposta simplesmente nos ocorre. Todos podemos recordar ocasiões em que ficamos perplexos com um problema durante algum tempo. E de repente as peças se ajustaram e percebemos a solução. Chamamos esses súbitos lampejos de insight. 

Na experiência humana, o insight proporciona um senso de satisfação. Após resolver um problema difícil ou descobrir como solucionar um conflito, nós nos sentimos felizes. A alegria de uma piada pode se encontrar também em nossa capacidade para o insight – a súbita compreensão de um final inesperado ou de duplo sentido. 

O ser humano possui OBSTÁCULOS À RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS, estes são: a TENDENCIOSIDADE EM FAVOR DA CONFIRMAÇÃO e FIXAÇÃO. TENDENCIOSIDADE EM FAVOR DA CONFIRMAÇÃO – um grande obstáculo para a resolução de problemas é a nossa ansiedade em buscar informações que confirmem nossas ideias. FIXAÇÃO – a incapacidade de ver um problema a partir de uma nova perspectiva, depois que representamos incorretamente o problema, é difícil reestruturá-lo. 

Se você pensar na solução um quebra-cabeça em termos bidimensionais e a resposta certa for uma figura tridimensional, esta escapará de suas cogitações. Tornamo-nos fixados em determinadas soluções por uma boa razão: as soluções que deram certo no passado muitas vezes também dão certo com novos problemas. 

TOMADA DE DECISÕES E FORMAÇÃO DE JULGAMENTOS O uso de heurísticas (atalhos mentais), como a HEURÍSTICA DE REPRESENTATIVIDADE (julgar a probabilidade de coisas em termos de quão bem representa protótipos específicos, por exemplo: um estranho fala sobre uma pessoa que é baixa, magra e gosta de ler poesia, e depois lhe pede para adivinhar se é provável que essa pessoa seja um professor de literatura clássica ou um motorista de caminhão).e a HEURÍSTICA DE DISPONIBILIDADE (opera quando baseamos nossos julgamentos na disponibilidade de informações presentes em nossa memória), proporciona guias eficientes, mas às vezes enganadores para tomar decisões rápidas e formar julgamentos intuitivos. 

A tendência para procurar confirmação de nossas hipóteses e usar heurísticas rápidas e fáceis pode nos cegar para a nossa vulnerabilidade ao erro, fenômeno conhecido como EXCESSO DE CONFIANÇA. ENQUADRANDO DECISÕES Um teste de racionalidade é verificar se a mesma questão, apresentada de duas maneiras diferentes, mas logicamente equivalentes, terá uma resposta igual. Por exemplo, se um cirurgião diz a alguém que 10 por cento das pessoas morre quando se submetem a alguma operação específica ou que 90 por cento sobrevivem, a informação é a mesma. Mas o efeito não é. 

O risco parece maior para as pessoas que ouvem que 10 por cento morrerão. Esse impacto oriundo da maneira como apresentamos uma questão é chamado de enquadramento. TENDENCIOSIDADE EM FAVOR DA CONFIRMAÇÃO As pessoas demonstram uma tendenciosidade em favor da confirmação em seu raciocínio, aceitando com mais lógicas as conclusões que se coadunam, com suas convicções. O FENÔMENO DA TENDENCIOSIDADE DA CONVICÇÃO Apegamos às nossas convicções mesmo diante de evidências em contrário, aderimos a nossas ideias porque a explicação que aceitamos como válida perdura em nossa mente, mesmo depois que as bases para as ideias foram desacreditadas. 

Apesar de nossa capacidade para o erro e de nossa suscetibilidade para o preconceito, no entanto, a cognição humana é extraordinariamente eficiente e adaptativa. À medida que adquirimos competência em uma área, vamos nos tornando eficientes em julgamentos rápidos e perspicazes. 

 A LINGUAGEM consiste em símbolos que contêm significados, mais regras para combinar aqueles símbolos, que podem ser usados para gerar uma infinita variedade de mensagens. A linguagem, a forma assumida por grande parte do nosso pensamento, é constituída por vários elementos que afloram à medida que a criança amadurece. 

A linguagem corresponde a nossas palavras faladas, escritas ou gesticuladas e as maneiras como as combinamos à medida que pensamos e comunicamos. Os humanos há muito proclamam orgulhosos que a linguagem nos coloca acima de todos os outros animais. Estrutura da linguagem Fonemas – conjunto de sons básicos. 

Para dizer bate, enunciamos os fonemas b, a, t, e. mudanças em fonemas produzem mudanças no significado. Em geral, no entanto, os fonemas consoantes possuem mais informação do que os fonemas vogais. Morfema – a menor unidade da linguagem que contém um significado. Os morfemas incluem prefixos e sufixos – pré, des, in. Semântica – é o conjunto de regras que usamos para extrair um significado de morfemas, palavras e até frases. Sintaxe – refere-se às regras que usamos para ordenar palavras em frases. 

Desenvolvimento da linguagem Entre as maravilhas da natureza está a habilidade de uma criança para adquirir linguagem, a facilidade com que as crianças progridem do estágio do balbucio para o estágio de uma só palavra, o estágio de duas palavras, começam a enunciar frases mais longas sem preposição e por fim, frases completas. 

O behaviorista Skinner explicou que aprendemos a linguagem pelos princípios familiares da imitação e reforço. Noam Chomsky argumentou que as crianças são biologicamente preparadas para aprender palavras e usar a gramática. 

Os animais podem exibir linguagem? É óbvio que os animais se comunicam. As abelhas, por exemplo, comunicam a localização de alimento por meio de uma intrincada combinação de dança e som. E várias equipes de psicólogos ensinaram as diversas espécies de macacos, inclusive chipanzés, a se comunicar com humanos por meio de sinais ou apertando botões ligados a um computador. Macacos desenvolveram vocabulários consideráveis. 

Juntam palavras para expressar significado ou formular e atender a pedidos. Esses estudos revelam que os macacos possuem considerável habilidade cognitiva. Todos concordam que só os humanos possuem a linguagem, se pelo termo significamos expressão verbal ou sinalizada de gramática complexa. Se queremos indicar apenas a capacidade de se comunicar por meio de uma sequência significativa de símbolos, então os macacos também são sem dúvida capazes de linguagem. 

PENSAMENTO E LINGUAGEM Um mundo sem linguagem seria um mundo sem os conceitos e culturas que apoiamos na linguagem. A linguagem influencia o que pensamos, percebemos e lembramos. A educação, portanto, visa a aumentar nosso poder de palavra (e de pensamento). Contudo, muito pensamento não envolve palavra. 

Algumas ideias, como a habilidade de perceber e lembrar cores diferentes, não dependem da linguagem, às vezes pensamos em imagens em vez de palavras, e inventamos novas palavras para descrever novas ideias. Assim, podemos dizer que o pensamento afeta a linguagem, que por sua vez afeta o pensamento. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MYERS, David. Introdução à Psicologia Geral. Rio de Janeiro: LTC – Livros técnicos e científicos Editora S.A., 1999. WEITEN, W. introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Thomson Pioneira, 2002. 

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