É uma nova fase, “SER” alguém, “SER”
significativo, “SER” imprescindível, “SER” amado, “SER” importante, e “NÃO SER”
mais útil, pelo menos como era antes.
Antes, somente eu tinha
um carro, agora toda família e amigos têm, não precisam mais de “carona ou um carreto” eu
tinha mais grana que os outros, agora tenho menos, todos conquistaram sua
independência financeira, não precisam mais daquela “forcinha tipo Papai paga”, eu era mais
popular e atraía mais atenção, agora todos têm seu meio, amigos, colegas, e eu?
Não mais! Por quê? Porque não tenho mais utilidade.
Padre Fábio de Melo tratando deste assunto disse: “Eu peço a Deus para envelhecer ao lado de pessoas que me amem e que possam me proporcionar a tranquilidade de ser “inútil”.
Esta é uma fala forte, revela uma
ansiedade, mas também uma realidade, para muitos não há dúvidas, são e serão
amados sempre, nos tempos da utilidade e fora dele, mas para outros a incerteza
e quase certeza de uma vida solitária cercada de pessoas que somente te
perceberão a partir de algum alarme de consciência, mas alarmes param logo de
tocar, é só desligar, e as pessoas deligam, acredite. Um alarme de consciência é
só um lampejo que motivará alguma ação com objetivo de desligá-lo.
Parece-me que Shakespeare não intencionalmente
filosofou sobre os estágios da vida “SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO” primeiro
você “É” e depois você “NÃO É” e aí fica a questão, como viver um mundo em que “NÃO SE É?” Com negativas? Este
é um caminho escolhido por muitos, autonegação, justificando o desinteresse das pessoas com questões “importantes” do cotidiano, afinal de contas
as pessoas não têm mais tempo, estão ocupadas, estão envolvidas em projetos,
estão doentes, estão programadas, mas isso não é verdade, as pessoas, neste
caso, só não estão interessadas ou não toleram mais a sua inutilidade.
Todos nós estamos caminhando para
esta fase, todos, é imprescindível estar preparado, pronto para ser ignorado,
mas podemos fazer alguma coisa para mudar esta perspectiva? Um pouco, sim, mas
não caia no erro de colocar-se à disposição para ser útil quando suas
possibilidades não te permitem mais, coisas
do tipo avós que cuidam dos netos para os Pais trabalharem, e morrem aos poucos
com o stress que passam e não precisariam passar novamente, pais que assumem responsabilidades por situações não resolvidas pelos filhos, não se
meta em encrenca, apoie, aconselhe, mas deixe seus filhos resolverem a própria
vida.
É uma armadilha tentar se manter “útil” na mesma intensidade, porque as folhas com o tempo perdem a força e a ventania vem mais forte” (Raimundo Fagner). Aquilo que era um vento, virou um vendaval, mesmo que as pessoas à nossa volta não percebam, nós temos que perceber e nos cuidarmos, envelhecer não é sinônimo de adoecer, somente se fizermos escolhas equivocadas.
Envelhecer deve nos
empoderar pela experiência e com isso nos capacitar a colocar a vida em ordem,
inclusive a de outros. Mas o tempo de ser amado pela utilidade já se foi, agora
é tempo das descobertas.
É assim que se descobre o amor, uma
simples pergunta pode nos mostrar se amamos ou não alguém de verdade: QUEM VOCÊ
ESTARIA DISPOSTO A ESTAR PERTO, CUIDAR, DEDICAR-SE MESMO NA SUA INUTILIDADE? Se
tiver respostas, nomes, para responder a esta pergunta, então você terá
descoberto o amor. Porque “intensidade sem reciprocidade” é amor.
Quanto a pergunta, O QUE FAZER PARA TER O AMOR DAS PESSOAS DURANTE ESTA FASE DA VIDA? Parece cruel, mas já deveria ter sido feito, embora venhamos a nos depararmos com descobertas bem desconfortáveis, entre as quais que ter amado intensamente as pessoas, não garante uma reciprocidade, a memória afetiva costuma ser bem curta.
O melhor a fazer é descobrir novos caminhos, envolver-se em projetos com
pessoas na mesma fase, demonstrar uma certa independência até quando for
possível, ser exageradamente grato por cada ato, gratidão cura, e esquecer da
mania de ser útil em troca do amor das pessoas, também conhecida como “Síndrome
do Super Homem” *Salvar – se responsabilizando pelo bem-estar e felicidade dos
outros, assumindo os problemas deles, sentindo-se na obrigação de ser “herói”.
Sobrecarregando-se, até que se perceba que não se tem controle sobre o
sofrimento do outro. Daí é lutar com o abandono, indiferença, sensação de culpa
e frustração.
* Não defendo a ideia de não se importar, não servir e ajudar outros, mas sim ter o equilíbrio entre o possível e suas possibilidades reais, ainda, racionalizar no fator Utilidade X Reciprocidade. Nossa sabedoria de vida saberá resolver esta equação.
Não sei para quem eu escrevi este
artigo, se para os velhos “Super Heróis” ou para os jovens candidatos a ter um
ex “Super Herói” em sua vida. Enfim, espero que ajude a ambos!
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