MINHA DOR É SÓ MINHA? Múcio Morais
A dor e o sofrimento emocional seja qual motivo for, não podem atingir o grau de tortura, de autoflagelação, de perda da consciência e razão. Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por crueldade, intimidação, constrangimento, cerceamento e punição, para obtenção de uma confissão, negação, informação ou simplesmente por prazer da pessoa que tortura.
Quando estamos sofrendo, temos a tendência de nos infringirmos mais sofrimento ainda, uma convicção de que sofrimento ameniza sofrimento, claro isso é uma grande peça que nos é pregada por nossa própria mente, na verdade, um engano por quase absoluta falta de discernimento do caminho tomar.
Em um momento mais crítico, infringimos sofrimento ao outro,
transferindo insultos, culpando, tentando desestabilizar os que nos cercam, com
vitimizações cujo objetivo é unicamente chamar atenção e manter as pessoas
piedosas com o nosso problema. Neste momento somos o centro das atenções e como
nossa mente continua confusa e sem respostas plausíveis para a crise emocional,
continuamos perdidos e ansiosos, pois logo descobrimos que ser o centro das
atenções também não resolve.
Desta feita, recorremos a tentativa de coletivizar a dor e o
sofrimento, novamente utilizamos a culpa para fazer com que as pessoas
embarquem em nosso ônibus do terror, tratamos o problema como coletivo, usando
o nós isso e nós aquilo, transformamos as expectativas em algo “nosso” projetos,
sonhos, realizações, tudo nosso, sem sequer respeitar o nível de sofrimento dos
outros, se existe, incluímos assim alguém na construção do Castelo que desabou,
e o ônibus do terror segue sua rota, sinuosa, destemida e perdida. Isso
continua até bater de frente com uma montanha chamada realidade, e, em muitos
casos as coisas se resolvem por ali mesmo.
Mas, dependendo do numero de sobreviventes desta
experiência, esta poderá ainda se estender por algum tempo e certamente mudará
de patamar no que diz respeito ao volume de passageiros culpados e corresponsáveis,
mas desta vez a turma vai numa Kombi, o desastre na montanha da realidade
destruiu aquele ônibus ou parte dele.
Assim alguns de nós atravessamos os momentos difíceis da
vida, rompimentos, perdas, decisões, mudanças, inovações, renovações, e coisas
desta natureza.
Algumas pessoas atropelam o mundo para se safar, e é claro,
aos poucos o mundo vai deixando estas pessoas em labirintos e beira de estrada
à noite, afinal de contas quem quer conviver com alguém tão dramático e afeito
a manobras emocionalmente radicais como estas?
Se você se encaixa neste artigo, tenho algumas palavras de ânimo para
ter dar:
Fortaleça-se emocionalmente, assuma a responsabilidade de
seus atos e suas consequências, MUDE sua maneira de abordar as crises, aprenda
que incluir outros em seu dilema é um ato de extrema “covardia” de sua parte,
aprenda a trilhar os caminhos da solução e tenha os outros apenas como
companhia e apoio, o amor das pessoas não pode ser usado contra elas. Aprenda o
valor do equilíbrio e resolva seus dilemas com sabedoria, não seja dominado
pelo desespero, mas domine seus pensamentos e dirija-os, seu cérebro sem
controle é um risco enorme, pare de choramingar e de se mostrar como vítima e
impotente, levante-se e vá a luta deixando as pessoas em paz. Ande e lute
chorando, mas ande assim mesmo e vença.
Abraço a todos!
Múcio Morais