Mas, voltando ao problema de
saúde que ela enfrentou nestes dias, foi exemplar a atuação da família, os filhos
e netos a levaram ao médico, noras buscando medicamentos e organizando um
plantão para administrar corretamente, receitas de chás caseiros foram
executadas e oferecidas com o maior carinho, suas duas irmãs também estiveram
presentes, mobilizaram os filhos e foram marcar presença, para todos estes é
muito claro a necessidade de demonstrar amor, carinho, gratidão e os melhores
sentimentos possíveis, com tanto afeto obviamente seu sistema imunológico
respondeu poderosamente e o pior passou rapidinho. O parecer do médico animou a
todos “A Senhora vai viver mais 200 anos”, uauuu que coisa boa de se escutar
vindo de um médico.
Passaram-se alguns poucos dias e
aquela atenção simplesmente “acabou”, as relações voltaram ao “normal”, nenhuma
ligação, visitas nem pensar, e as figurinhas do Whatsapp retornaram, paisagens,
anjos, corações, belas palavras impressas no envelope do descaso, a solidão
voltou, ela se sente angustiada, sozinha, parece
que a “Vida dela” vale mais do que “Ela” dá pra entender isso? Que louco, a
vida de alguém vale mais do que este alguém, parece que quando o inimigo número
1, “a morte” aparece, fica rondando nossos queridos, isso nos afronta, nos
coloca medo, nos traz uma sensação de perda, derrota, tristeza, esta
possibilidade de perder alguém é algo que nos faz alocar nossos recursos financeiros,
emocionais e espirituais para combater e restabelecer a normalidade, mas que
normalidade? Saber que a vovó está viva!
Simplesmente saber, poder perguntar a alguém: Sabe como está a vovó? E escutar
de volta: Sei sim, ela está ótima! Pronto! Conforto emocional estabelecido.
Vovó está viva.
Esta família poderia ter
aprendido uma lição decisiva e muito significativa, aprendido o valor intrínseco
das pessoas, aprendido que a vida da
vovó é muito mais importante do que a vovó viva! E, a partir desta
descoberta iniciar um novo processo de vida, inclusiva, participativa, verdadeira,
com todos os membros da família, atribuindo valor, reconhecendo necessidades, desprendendo
tempo, sensibilizando-se, importando-se muito mais com o significado do que com
a forma. Uma declaração de que “a vovó” e todos os outros, estão vivos e vamos
dar a eles a melhor vida possível e nesse processo tornar as nossas vidas
significativas.
Pense nisso! Múcio Morais