O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA - Um questionamento do papel da escola na atualidade! Responsabilidade Social!

                  
RESUMO 👀

Este trabalho de pesquisa procura trazer uma reflexão sobre o papel social da escola e a importância de se ter uma equipe pedagógica consciente e envolvida com esta questão, diagnosticando as dificuldades existentes no processo educacional e buscando modificá-las socialmente, tendo como instrumento mediador desta mudança a educação. 

Para tanto, se recorreu à pesquisa de campo e a diversos teóricos da educação, considerando o pensamento de cada um deles naquilo que venha respaldar o tema proposto nesta investigação, assim como os pontos sugeridos para suscitar inquietação e discussões posteriores. Com base na pesquisa realizada, percebe-se que realmente é possível canalizar o poder da educação como objeto de mudança, quebra de paradigmas e transformação social.

Palavras-chave: Socialização. Influência social. Papel social.

1. INTRODUÇÃO

A construção deste trabalho de pesquisa, cujo tema é “O papel social da escola”, surgiu a partir da necessidade de questionar os profissionais da educação quanto à responsabilidade social que a escola tem como entidade formal, e levá-la a refletir sobre a importância do papel social que a mesma exerce como agente influenciadora na sociedade a que pertence. Este artigo foi desenvolvido e fundamentado a partir de diversas pesquisas, utilizando como fonte de recursos livros, revistas, e pesquisa de campo no setor de educação formal no município de Itaparica, visando reunir material de suporte técnico, tomando como base diversos teóricos da educação e entrevistas com profissionais deste mesmo setor, objetivando dar respaldo científico a este trabalho de pesquisa. Pretende-se através da abordagem do tema sugerido, levar a comunidade escolar a refletir sobre a importância do papel social que ela exerce sobre a sociedade local em que está inserida, e canalizar este recurso na formação do caráter social da sua clientela. Para tanto, deve-se abrir discussões nas reuniões de professores e nas Atividades Complementares acerca do papel social da escola, levando estes profissionais da educação a refletirem sobre qual a sua participação dentro do contexto que esta temática sugere com relação à realidade da vida escolar. Este artigo também pretende viabilizar discussões por parte de equipes pedagógicas sobre o papel social da escola, onde a mesma esteja realmente voltada para uma visão de socialização dos grupos que de alguma forma se relacionam com ela. Inclusive, no que se refere ao plano de curso, destacar a importância de inserir na elaboração do mesmo, uma proposta socializadora e de estratégias que venham envolver os pais dos alunos e a sociedade local nas reuniões, eventos e encontros escolares, onde a escola deverá expor seus projetos e propostas pedagógicas, a fim de conscientizá-los da importância de estarem comprometidos com este planejamento e assim estabelecer parcerias, buscando contribuições participativas que venham somar positivamente com a execução das atividades propostas pela escola durante todo o ano letivo.

A problemática central deste artigo surgiu de um questionamento essencial para sua produção: “Até que ponto a escola tem cumprido seu papel social?”. A partir da hipótese de que entre os diversos problemas enfrentados na realidade do cotidiano escolar, principalmente das escolas públicas, os que mais refletem no insucesso da educação para a vida de uma grande massa de alunos, são os de ordem social. Ou seja, a falta de uma equipe de educação que tenha uma atuação com consciência social no desenvolvimento do seu planejamento educacional; a falta de comprometimento por parte dos pais, referente à vida escolar dos seus filhos, assim como a falta de envolvimento da sociedade local com algumas propostas pedagógicas da escola; e, no que se refere ao discente, a falta de perspectiva de sucesso social para investir mais no seu futuro, isto é, estudar com paixão por si mesmo, pensando em conquistar seus sonhos, galgar os lugares mais privilegiados e fazer parte da construção de uma sociedade crítica e mais justa. Tudo isso se deve principalmente ao fato de que na maioria das vezes a escola não se apercebe do poder de influência que exerce como entidade formadora do caráter social, considerando que se hoje a estatística apresenta um alto índice de marginalidade é principalmente por falta de assistência por parte dos órgãos responsáveis pela educação, e se existem hospitais abarrotados de doentes é em parte também por falta de orientação educacional, ou seja, a educação é um eixo onde tudo gira em torno de sua doutrina, e percebe-se que ela é um dos remédios importantes para a maioria dos problemas de ordem social. Por isso mesmo, olhando deste ponto de vista, é que depende bastante da escola destacar-se como um diferencial e ser referência no ato de ensinar, formar indivíduos dentro desta realidade indouta, traçando estratégias pedagógicas com o objetivo de envolver a equipe escolar em um mesmo propósito, trabalhando sistematicamente em sintonia com uma consciência mais voltada para a socialização dos pais de alunos e da sociedade local com o grupo escolar, tornando-os seus parceiros para jogar definitivamente em seu time, tendo participação direta ou indireta nos trabalhos pedagógicos propostos nos planos de cursos e no PPP (Projeto Político Pedagógico). Sendo assim, tendo a sociedade local como coadjuvante na construção educacional e na formação social dos indivíduos sob a responsabilidade e regência da escola, espera-se que os alunos resultantes deste processo venham desenhar a sociedade de amanhã, em condições mais justas, consciente e socialmente mais equilibrada.

A escola precisa repensar sobre que tipo de sociedade ela pretende construir, haja vista que ela tem participação preponderante na formação do caráter social dos indivíduos, e, portanto, tem em suas mãos o poder de intervenção pelos mecanismos da educação, consolidar as relações sociais de acordo com os padrões exigidos pela sociedade. Por isso mesmo, este trabalho de pesquisa tem suma importância no momento em que visa criar um link de discussões e reflexões na comunidade escolar, e, principalmente no corpo docente e direção, a partir do tema sugerido, como uma possibilidade importante de oferecer aos profissionais da educação um despertamento quanto à sua função social no processo educacional e acerca da necessidade de uma abordagem mais incisiva, no sentido de incorporar sua missão social com mais compromisso e dedicação. Por isso mesmo, este artigo pretende abrir um leque de possibilidades para enfocar a relevância deste tema que está voltado inteiramente para a importância da escola desenvolver em sua vivência cotidiana o exercício e cumprimento do seu papel social, não só como agente formadora, mas como entidade mantenedora de um intercâmbio social com a comunidade em que está inserida, com a finalidade de somar aos seus recursos e possibilidades pedagógicas suportes e parcerias que venham facilitar a viabilização do ensino-aprendizagem, bem como a formação e a preparação dos indivíduos para serem inseridos na sociedade, sobretudo levando-os ao sucesso profissional, considerando que para se alcançar esse resultado depende também de que os profissionais da educação venham assumir uma postura pedagógica sensível, responsável, política, diferenciada, levando em consideração que a escola tem um papel determinante na construção social dos indivíduos.

2. ESCOLA E SOCIEDADE: UM INTERCÂMBIO INDISPENSÁVEL

Segundo Paulo Freire (2001), “o Brasil foi “inventado” de cabeça para baixo, autoritariamente. Precisamos reinventá-lo em outros termos”. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases, “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: Vinculação entre educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. (LDB, Art. 3º, XI). A escola tem como papel social a tarefa de, principalmente, encaminhar ações por meio de processos educativos que venham despertar o compromisso social dos indivíduos, das entidades e dos grupos sociais, objetivando fazer uma só aliança, capaz de promover mudanças e transformações no cumprimento do dever educacional, da preparação e formação de alunos que sejam cidadãos portadores de uma nova visão de mundo reinventado, através da criticidade e da participação. Para Gadotti (2001), a pedagogia é revolucionária, significa que ela não esconde as relações existentes entre educação e sociedade, entre educação e poder, ou seja, ela não esconde o papel ideológico, político, da educação.

É utopia que todos os problemas sociais se resolvem pela educação, mas é certo que ela representa uma condição indispensável para resolvê-los. A educação é um fato social que, a princípio, tem por função socializar, integrar gerações imaturas na sociedade e desenvolver a sociedade em geral e os indivíduos em particular. Tem, pois, as funções de ajustamento e desenvolvimento social. Mas, além dessas funções, a educação, especialmente a sistemática, exerce (entre outras), as seguintes funções: a) Controle social (influencia o comportamento humano); b) Estabilidade social (torna o indivíduo eficiente). (OLIVEIRA, 1993, p.16).

Na história da educação, percebe-se que a cultura do ser humano é caracterizada por viver essencialmente em sociedade. Segundo Aranha (2001), na antiguidade, o sistema educacional nas tribos era difusa, ou seja, todos participavam da formação do individuo no grupo social. E para enfatizar este pensamento, Pedro Demo (1995) afirmou que hoje parece quase uma banalidade afirmar que as pessoas se moldam socialmente. “O ambiente social, o meio familiar, o convívio com certos grupos, a pertença de classe, tudo isso influi pesadamente na formação do indivíduo e da própria sociedade” (DEMO, 1995). E ainda Pedro Demo segue ressaltando que o sistema social é composto da interação dos indivíduos, que aparecem tanto como atores, quanto como objeto de orientação dos outros.

Presume-se que o papel social da escola é educar. Esta é sua ideologia, e seu propósito público. As escolas atravessaram um tempo sem serem contestadas, pelo menos até recentemente, em parte porque a educação tem significados diferentes para diversas pessoas. Escolas diversas procedem, é evidente, de modo diverso, mas, cada vez mais, em todos os países, em qualquer nível, e seja qual for a espécie, as escolhas acumulam quatro atividades sociais distintas: a tutela dos alunos, a seleção social, a doutrinação e a educação. – A verdadeira educação é uma força social vital. (REIMER, 1979, p.33).

É muito comum por parte de quem não tem iniciativa ou competência para trabalhar, justificar de alguma forma seu insucesso, e normalmente é transferindo a culpa que esses indivíduos se sentem aliviados; ao se depararem com uma tese ou teoria capaz de minimizar seus problemas, escondem-se atrás do chavão de que “muita teoria não passa de palavras fora da realidade”. Assim, fica mais fácil justificar sua inaptidão profissional. De dezesseis escolas públicas do município de Itaparica que foram pesquisadas, segundo a afirmação dos gestores entrevistados, apenas quatro detém algum plano de ação para atrair as famílias como parceiras no processo educacional dos filhos. Isso corresponde a 25% do número das escolas que realmente desenvolvem seu papel social. As demais se contentam em apontar algum culpado.

Gadotti (2001) acredita que no plano social, é ato pedagógico desvelar as contradições existentes, evidenciá-las com vista à sua superação. “O educador, nesse sentido, não é o que cria as contradições e os conflitos, ele apenas as revela, isto é, tira os homens da inconsciência. Educar passa a ser essencialmente conscientizar” (GADOTTI, 2001).

Fonte: Autores

A escola, como entidade socializadora, tem hoje a responsabilidade e uma participação fundamental na formação do caráter dos indivíduos que estão sob a sua admoestação formal. Diferentemente da educação tribal, onde todos tinham o dever e participação desde a formação do caráter das crianças até a preparação para a vida (ARANHA 2001), em nossos dias observa-se certa falta de comprometimento e envolvimento por parte da família e, em parte, falta mais empenho por parte da escola no que se refere a intervenções sociais na comunidade local, visando a preparação e formação do caráter social dos alunos, fator este que aumenta ainda mais a responsabilidade da escola quanto a seu verdadeiro papel na sociedade. Espera-se que a escola da atualidade tenha a função não só de transmitir conhecimentos, mas também de repensar que tipo de sociedade pretende construir, criando relações e preparando base para lidar com as contradições da sociedade, suas diferenças e conflitos.

3. ESCOLA E FAMÍLIA: UMA UNIÃO QUE DÁ CERTO

Na Lei de Diretrizes e Bases (LDB, Art. 12, VI), os estabelecimentos de ensino, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. Ao longo do tempo, aconteceram grandes mudanças no mecanismo da socialização. O processo de socialização no que se refere à educação no Brasil, segundo Aranha (2001), a educação era feita por duas instituições básicas: a família e a igreja, sendo que as duas estavam baseadas na moral e na ética. A terceira era a escola, e esta estava incumbida de transmitir os conhecimentos gerais da humanidade.

Apesar dos condicionantes estruturais que colocam a escola como uma instituição como outras, destinada a assegurar a criação e manutenção do suposto consenso social que legitima o sistema de dominação sob o qual vivemos, é possível pensar e realizar uma luta política que questione o sistema e busque a sua democratização, ou seja, vise a um maior respeito às diferenças, pluralize o debate, torne as relações internas mais igualitárias e leve em conta a diversidade de interesses e possibilidades de ação dos diversos grupos de interação. A realidade social é complexa, dinâmica, plural, imprevisível, repleta de possibilidades criativas e de meandros, não podendo, portanto, ser apenas o reflexo da estrutura que a condiciona. Deste modo, podemos afirmar que não é preciso esperar por mudanças estruturais para se desenvolver uma ação política transformadora. (OLIVEIRA, 2001, p. 29)

Diferentemente do tradicionalismo do passado e desenvolvendo um papel socialmente mais igualitário, com o passar do tempo a escola aprendeu a respeitar as diferenças. Celso Antunes (2006) reforça este pensamento quando diz que as diferenças existem, mas que cada um tem suas habilidades. A exemplo disto, o próprio Einstein foi um gênio matemático com problemas em suas relações interpessoais; Mozart projetou-se de forma sobre humana na música, mas não era assim extraordinário na escrita, como provavelmente Shakespeare sabia usar as palavras como nenhum outro em seu tempo. É preciso aceitar as diferenças e acreditar, diz Freire (2008), e acrescenta: se a educação sozinha não transforma, tampouco a sociedade muda. Neste caso, uma das fundamentais vias de transformação social é proveniente do processo educacional.

Alguns exemplos poderiam ser citados para demonstrar como a educação contribui, ainda que indiretamente, para a promoção de mudanças na sociedade. As tribos da África negra, quando recebem informações que melhorem suas técnicas de cultivo ou de criação de animais e passam a aplicá-las, com o objetivo de aumentar a quantidade de alimentos estão alterando seu modo de produzir por causa da educação. Quando estatísticas inglesas detectaram sinais de racismo e ódio aos estrangeiros (xenofobia) em crianças de 7 anos, as autoridades educacionais instituíram atividades pedagógicas de modo a contrapor a influência das famílias dessas crianças, certamente responsáveis pelo desenvolvimento de tais crenças. Quando pesquisas futuras indicarem diminuição deste tipo de sentimento, estará aí um exemplo de como a educação escolar ajudou a mudar as crenças e os valores predominantes em alguns grupos sociais.

As idéias iluministas marcaram profundamente a relação entre sociedade e educação. Elas criticavam as desigualdades e a opressão existentes nas sociedades ainda dominadas pela nobreza e pelo clero. Ao proclamar que todos os homens eram iguais e tinham os mesmos direitos, os iluministas estimularam movimentos revolucionários que se tornaram vitoriosos em várias partes do mundo. Orientados pelas idéias do iluminismo, os novos governantes se sentiram na obrigação de garantir que todos os cidadãos tivessem igualmente direito à educação. (FERREIRA, 1993, p. 220).

Cabe à escola arregaçar as mangas e escrever sua própria história usando como estandarte o coração, pois não existe educação sem paixão por ensinar. “Dos corações, que o mundo se refaz. E, já que a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca das mudanças sociais”. (FREIRE, 2001). Para Lopes (1995), provavelmente não há prática social na qual estejamos mais duradouramente inseridos que a educação, individual ou coletivamente. Quer em uma ou outra perspectiva, trata-se de uma prática social histórica. Possui uma história (que foi ou não escrita). E produz uma história (que poderá ou não ser escrita). Para Gadotti (2001), “educar essa sociedade é tarefa de partido, isto é, não educa aquele que ignora o momento em que vive, aquele que pensa estar alheio ao conflito que o cerca”.

Existe um provérbio popular que diz: “Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé”. Se as famílias não vão à escola, não se envolvem no processo educacional do discente, não seria o caso da escola ir ao encontro destas famílias? Desenvolver algum tipo de ação para mudar essa história. Entre as escolas pesquisadas, a maioria se queixa da ausência das famílias na educação dos filhos; e essa realidade é comprovada nos números: numa pesquisa onde trinta famílias foram visitadas, apenas seis teriam algum tipo de participação efetiva na educação dos filhos, ou seja, apenas 3% toma algum tipo de iniciativa própria, 17% atribuíram que a escola promove ações que envolve suas participações eventuais na escola e lamentavelmente 80% corresponde aos que estão sempre muito ocupados para se envolver diretamente na educação dos filhos. Não se vive somente de consciência, é preciso repensar atitudes, reconstruir a forma do fazer educação, onde as famílias sejam coadjuvantes deste processo histórico.

Se antes a transformação social era entendida de forma simplista, fazendo-se com a mudança, primeiro das consciências, como se fosse a consciência, de fato, a transformadora do real, agora a transformação social é percebida como processo histórico em que subjetividade e objetividade se prendem dialeticamente. Já não há como absolutizar nem uma nem a outra. (FREIRE, 2001, p. 30).

Fonte: Autores

4. EDUCADOR E POLÍTICA: O CAMINHO MAIS CURTO PARA SE FAZER EDUCAÇÃO SOCIAL

Consta nas leis de diretrizes e bases (LDB Art. 13, VI) que os docentes incumbir-se-ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. “O papel do pedagogo é um papel político” (GADOTTI, 2001). O dicionário MICHAELIS (2000) define política como arte ou vocação de guiar ou influenciar. Então, Gadotti ressalta que não basta sermos competentes para sermos educadores. “É o grau de consciência política que define se somos ou não educadores. Portanto, a formação do novo educador se dará a partir de uma sólida formação política e social.” (GADOTTI, 2001).

A questão da coerência entre a opção proclamada e a prática é uma das exigências que educadores críticos se fazem a si mesmos. É que sabem muito bem que não é o discurso o que ajuíza a prática, mas a prática que ajuíza o discurso. Nem sempre, infelizmente, muitos de nós, educadoras e educadores que proclamamos uma opção democrática, temos uma prática em coerência com o nosso discurso avançado. Daí que o nosso discurso, incoerente com a nossa prática, vire puro palavreado. (FREIRE, 2001, p. 25).

De cento e oitenta e quatro professores pesquisados da rede pública de ensino, segundo o depoimento dos gestores escolares ou coordenadores pedagógicos, somente dezenove desenvolvem alguma ação, dentro do seu plano de curso, que envolve os pais de alunos como parceiros de atividades didáticas dentro da escola, isso corresponde a 10%, enquanto 90% não desenvolvem nenhum tipo de atividade socializadora que venha atrair as famílias como parceiras da escola. Curiosamente, com base na pesquisa, esses professores mais atuantes são os de Artes e Educação Física.

Fonte: Autores

O educador, ao reavaliar a educação, seu modo de ser e agir, cria possibilidades para repensar também a sociedade que pretende ajudar a construir. Educadores precisam constantemente reavaliar suas crenças referentes à educação, ou seja, é preciso buscar, investir, dedicar-se muito mais às qualificações, pois só assim os professores poderão ter uma participação histórica na formação de uma sociedade democrática, com mais cumplicidade e espírito coletivo. Ao invés de apontar culpados, melhor seria que a criticidade começasse dentro da nossa casa, procurando corrigir a visão embaçada ou desfocada, considerando que a escola é responsável pela promoção do desenvolvimento do cidadão de acordo com a sua visão de sociedade.

Para Stenhouse (2008) todo professor deve ser um investigador para ser capaz de criar seu próprio currículo. Essa teoria mostra que a escola deve ser capaz de gerenciar sua autonomia, perceber as carências e necessidades sociais, e se empenhar em favor de superar e corrigir estas dificuldades e deficiências mediante a criatividade e flexibilidade curricular, objetivando a formação do caráter de sua clientela.

Para Gadotti (1995), uma escola pública autônoma tem maiores chances de garantir a qualidade de ensino do que uma escola obediente, submissa e burocratizada. Espera-se que a escola venha conquistar certa autonomia, para estabelecer sua identidade, na superação dos problemas da comunidade a que pertence e conhece bem. Do contrário, a escola não estará efetivamente cumprindo seu papel, socializando o conhecimento. Segundo Florestan Fernandes (NOVA ESCOLA, 2008), “na sala de aula, o professor precisa ser um cidadão”. Já no entendimento de Gadotti (1998), a educação não é neutra: ou se educa para o silêncio, para a submissão, ou com o intuito de dar a palavra, de não deixar calar as angústias e as necessidades daqueles que estão sob a responsabilidade, mesmo que temporária, de educadores e educadoras nos âmbitos escolares. Para Paulo Freire (1996) a escola tem um papel bem mais amplo do que simplesmente passar conteúdos: ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se, com a realização deste trabalho de investigação, que a grande maioria das escolas públicas da atualidade têm se comportado de forma passiva diante da ausência das famílias como parceiras na educação do discente. Esta afirmação baseia-se na estatística apresentada como resultado da pesquisa realizada no município de Itaparica. Espera-se, portanto, que este artigo possa ser um instrumento de reflexão para os agentes educacionais sobre a importância de concentrar esforços na formação do caráter e da preparação dos indivíduos para viver em sociedade. Fica claro, com base no estudo apresentado, que a intervenção da escola como o principal agente deste processo de formação e socialização pode influenciar fundamentalmente a sociedade local em que está inserida, bem como sua clientela, no momento em que suas estratégias pedagógicas tenham maior amplitude, a fim de ser capaz de fazer uma leitura de mundo e traçar estratégias que venham alcançar os grupos sociais que com ela se relacionam.

Segundo o estudo e a pesquisa realizada, também se percebeu que assumir um comportamento político, por parte do professor e do gestor, é muito mais que simplesmente oferecer conhecimento e preparação para experiências futuras, no instante em que eles, como representantes da classe educadora, identificarem os problemas de ordem social que estejam ligados direta ou indiretamente à escola, e assim, uma vez diagnosticada a presença desta problemática, mostrar pela ótica educacional que educação se faz com amor, com participação mútua. Tem a escola, portanto, o desafio de elucidar para as pessoas ausentes deste compromisso uma visão de mundo onde a parceria é de extrema relevância para a formação do caráter social e para o sucesso nos mais diversos âmbitos da vida. É provável que a escola, assumindo esse papel de mediadora entre a sociedade e o processo educacional, certamente reescreverá sua história e alcançará um patamar mais elevado em seus objetivos de educar para vida.

Esta pesquisa revelou, em grande percentual, o quanto a família se abstém do compromisso e da participação na educação dos filhos; por outro lado, também ficou bastante claro que a escola tem sido apenas expectadora deste fenômeno social. É preciso que os profissionais da educação venham destacar que cada indivíduo tem participação indispensável no convívio e no processo de desenvolvimento de uma sociedade. Portanto, espera-se que esse trabalho de pesquisa de cunho cientifico possa gerar reflexão, desencadear inquietações, provocar discussões e trazer à responsabilidade todos os que estão envolvidos no processo educacional, quanto ao papel social da escola na comunidade em que está inserida.

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[1] Aluno do 8º semestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Educacionais em Vera Cruz – BA

[2] Pedagogo – Psicopedagogo, Especialista em Gestão de RH e Metodologia e Didática do Ensino Superior.

AUTORIA E FONTE: NOBRE, Francisco Edileudo; SULZART, Silvano. O papel social da escola. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 08, Vol. 03, pp. 103-115, Agosto de 2018. ISSN:2448-0959

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