Esta será uma volta às aulas das mais complexas e confusas dos últimos anos, profissionais da educação, pais e alunos estiveram vivendo o próprio mundo intensamente, descobrindo maneira de viver e ver a vida, entrando em contato com novos sentimentos, criando rotinas e fórmulas, muitas coisas mudaram, sim, e, trarão um alto preço na retomada do caminho até então considerado normal.
Este entendimento é essencial para começar esta retomada,
uma certa flexibilidade e mesmo um entendimento dos porquês as coisas acontecem
mostrará o nível de maturidade de cada ator no palco da educação.
Normalidade? Este certamente será o processo mais procurado
e onde se concentrarão os maiores esforços, voltar à normalidade, mas, depois
desta experiência, devemos nos perguntar: O que é normalidade? Que fatores
desta normalidade poderão ser retomados? O que podemos abandonar de vez? Onde
reformar, adaptar, excluir? Estamos diante de uma “nova” normalidade? Certamente
estas perguntas deverão ser feitas por todos e a todos, uma reflexão sobre os
caminhos e métodos se faz tão necessário quanto o plano pedagógico, na verdade, um plano sem esta reflexão vai acabar sendo um plano esdruxulo e sem lugar.
Fui perguntado em uma Palestra recente, em um município
muito progressista na educação, sobre o que eu percebia como necessidade nesta
volta às aulas. Pois bem, vou trazer algumas reflexões aqui, obviamente o seminário foi muito mais rico, mas vamos lá:
As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas.
Ao erguemos a vista, não vemos fronteiras.
Algumas novas características desabrocharam em nossos alunos
nesta fase de crise, creio que devemos dedicar um certo tempo para saber quais
são e em que isso impactou a vida de nossos alunos, eu explico, alguns tiveram
que se virar em casa, os Pais não puderam estar presentes, hoje são mais
independentes e menos fragilizados quanto a dependência paterna, outros tiveram
que aprender mais disciplina e realizar tarefas que não executavam com frequência,
outros ainda tiveram que aprender em meio a precariedade, falta de internet,
uso de apostilas, trabalho em grupos familiares ou vizinhança, interações em
busca de informação, despertamento de emoções e sentimentos antes inexistentes,
tais como saudades, amizade, companheirismo, valorização do professor, valor da
escola...
Como podemos fazer aflorar esta experiência e
utilizá-la a favor da educação? Consegui recentemente apontar mais de 200 novas
possíveis habilidades e experiências vividas por professores, pais e alunos. Segue
aqui uma sugestão: Converse com os alunos, aprenda com eles e descubra quais os
novos potenciais de sua turminha, eles mesmos mostrarão caminhos pedagógicos
novos, explore-os, fortaleça este aprendizado de crise e ajude-os a serem
melhores. Utilize dinâmicas (Em meu Caderno de Dinâmicas Pedagógicas você encontrará
dezenas de dinâmicas e fastfeel para
este propósito, se seu município fez algum projeto comigo e minha equipe, este
caderno está entre os materiais entregues para implementação do Escola Livre.).
Este processo colocará
a escola em um novo modelo psicopedagógico e trará avanços em todas as áreas.
Quanto
aos Pais, obviamente que tiraram lições e experiências deste período, ausência
da escola, a descoberta de que a sua grande parceira na educação de seu filho
não estava presente, os pais sentiram-se incapazes, sozinhos, perdidos sem a
nossa boa e velha escola, a qual, em muitos casos é vista por estes pais como
vilã. Estes pais suplicaram e acederam velas pela volta dos professores, sei de
um município em que foi realizada uma procissão em favor da volta dos
professores, mas os professores não participaram.
Esta
e outras emoções despertadas por este sufoco pedagógico podem agora inaugurar uma forma de relacionamento entre Pais X Escola, certamente uma relação
que pode ser frutífera e prática, basta que saibamos explorar o momento.
O ensino híbrido e adoção de tecnologias educacionais já eram tendências, mas não podemos negar que a pandemia acelerou isso tudo. Inclusive, muitos gestores e professores que tinham resistência a esse processo se viram em um caminho sem outra saída a não ser começar a usar as tecnologias, mas, e os professores? O que aprenderam? É muito nítido perceber o quanto a falta de nossos alunos e da rotina escolar mexeu com muitos de nós, também as metodologias que nos foram impostas pelas circunstâncias, tivemos que aprender novas tecnologias, modelos pedagógicos empíricos, na lata, colocar nossos esforços numa interação invisível, virtual, e criar um ambiente real dentro da virtualidade.
Desafio que foi encarado com coragem na maior parte dos casos. Tivemos também aqueles intermináveis PETs, cuja adaptação era uma verdadeira correria atrás das ferramentas de edição, muita coisa esquisita e editada a base de um desconhecimento incrível dos profissionais das SEMEDs e SEDUCs que faziam o melhor que podiam, afinal não conviviam com aqueles sistemas. Era um novo universo. Eu mesmo editei dezenas de PETs para colegas, e, foi desafiante entender a linguagem tabajara das formatações, ufa, passou! Heroísmo de parte a parte, passou!
Mas,
esta experiência tem que servir para alguma coisa, e serve, muito do que foi
feito pode ser melhorado e reproduzido, podemos simplificar muito nossos
processos na escola, entender melhor a linguagem e os hábitos cibernéticos de
nossos alunos, fazer apresentações e neuro adaptações para atingir às múltiplas
inteligências com dois ou três cliques. Com estas possibilidades podemos
atingir todos os “NOVE” processos mentais de aprendizagem e transformar a
mediocridade em excelência. Basta um Pouquinho de criatividade e inteligência
com base na experiência vivida.
E a
saúde metal onde entra? A Começar pelos pais, a maioria deles precisa de ajuda, orientações e conselhos, isso já ajuda
bem. Os alunos voltarão um pouco estressados, perdidos, um pouco preguiçosos e
desmotivados, afinal mais de um ano de férias, nada mal, é o sonho da vida de
qualquer aluno. Quanto aos professores? Estes eu creio precise uma atenção
muito especial, eles receberão a carga de todos, estarão como sempre estiveram
na linha de frente, administrando os efeitos diferentes e personalizados de
toda cadeia da educação. Precisão apoio e acompanhamento, sugiro que as
Diretorias, Associações, Sindicatos, SEMEDs e SEDUCs criem algum tipo de
ambulatório de atendimento psicológico voltado para os Professores, não estou
brincando. Por favor, cuide de nossos professores. Precisam investir em
autoconhecimento, reorganização de vida, liberar energias negativas, buscar
motivação e propósito, se reencontrarem em meio a esta bagunça, e, acharem
equilíbrio para administrar o novo ambiente.
Penso
que deveríamos aproveitar o momento deste reinício para transformar, reinventar,
oferecer muito mais e melhor na educação. Não é momento de discutirmos as “velhas
opiniões formadas sobre tudo” estes temas podem ser tratados em cada escola a
seu momento e conforme a necessidade. Hora de tratar de como aplicar o que
foi deixado como legado, se perdermos a oportunidade, já era, somos assim,
temos a tendência de ser uma sociedade sem história e sem memória. Adoramos debulhar
milho e rodar em torno do moinho, produzindo os mesmos resultados. Temos uma
jornada longa e difícil, mas uma jornada de mil quilômetros começa com um
pequeno passo.
Há
tanta pedagogia nesse aprendizado que pode mudar a história de um município,
estou a disposição da educação para promover este tipo de encontros pedagógicos
e outras atividades nesta volta às aulas. Despertar,
Valorizar e Motivar sua equipe para entrar em campo para vencer. E isso em
todos os aspectos, na vida e na missão!