A nova Base Nacional Comum Curricular, complexidade na implementação das dez competências gerais (Parte I)

    
A nova Base Nacional Comum Curricular, complexidade na implementação das dez competências gerais (Parte I)

A Base Nacional Comum Curricular foi estruturada por competências visando garantir os direitos de aprendizagem integral dos estudantes. Elas permitem que os alunos da educação básica desenvolvam conhecimentos e habilidades essenciais para a vida em sociedade e no mercado de trabalho.

Desde o começo do ano de 2019, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) passou por mudanças importantes a serem implementadas no processo de ensino e aprendizagem das escolas. A base é responsável por nortear a construção dos currículos e elaboração as propostas pedagógicas, assim como formatos dos materiais e avaliações.

A nova BNCC, publicada em 2017 pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) teve como prazo máximo para a adequação das escolas o início do ano letivo de 2020, contando com a formação de comitês específicos nos estados e municípios para construir os currículos escolares.

As escolas e creches em todo o País já deveria estar familiarizado com muitas das diretrizes da nova BNCC. Com ensino humanizado e focado em habilidades socioemocionais, formando mais do que estudantes, cidadãos preparados para os desafios do mundo moderno, incentivando e desenvolvendo o pensamento crítico, a criatividade e outras habilidades fundamentais para crianças e adolescentes.

“A nova BNCC traz importantes diretrizes educacionais. É muito importante que tenhamos uma base comum e conectada com o mundo atual, em que os alunos e alunas não mais sejam apenas espectadores das matérias. O aluno também deve ser protagonista do seu estudo e é nisso que as escolas precisam implementar. A falta desta cultura pedagógica tem sido o maior obstáculo a essa implementação considerando que o processo antigo é confortável e unilateral mantendo o professor na zona de conforto. Mas não deve ser assim.

O MEC, por sua vez, deve oferecer todo o apoio técnico para o desenvolvimento de competências e habilidades apontadas pela base, promovendo investimento em uma formação continuada dos educadores para esse novo cenário, sempre planejando suas aulas com foco na Base Nacional Comum Curricular.

A Base possui 10 Competências Gerais, onde cada uma abre caminho para a outra;

1. Conhecimento

2. Pensamento científico, crítico e criativo

3. Repertório cultural

4. Comunicação

5. Cultura digital

6. Trabalho e projeto de vida

7. Argumentação

8. Autoconhecimento e autocuidado

9. Empatia e cooperação

10. Responsabilidade e cidadania

·        Competências gerais de forma ampla, conforme texto da BNCC:

·        Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social e cultural para entender e explicar a realidade (fatos, informações, fenômenos e processos linguísticos, culturais, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e naturais), colaborando para a construção de uma sociedade solidária.

·        Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

·        Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também para participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

·          Utilizar conhecimentos das linguagens verbal (oral e escrita) e/ ou verbo-visual (como Libras), corporal, multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital para expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 

  •        Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver problemas.

·        Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao seu projeto de vida pessoal, profissional e social, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

·        Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

·        Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas e com a pressão do grupo.

·        Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero, orientação sexual, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer.

·        Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões, com base nos conhecimentos construídos na escola, segundo princípios éticos democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

É importante reforçar que as Competências Gerais permeiam da Educação Infantil ao Ensino Médio, mas se desdobram em cada etapa de acordo com as particularidades de cada fase do desenvolvimento dos estudantes.

Após alguns anos de NBCC percebe-se nitidamente a dificuldade na implementação do processo, sutilmente pedagogos e professores caem na armadilha da mesmice e ao invés de ter uma prática diferenciada neste novo processo, acabam por colocar algumas pitadas mantendo o velho processo com cara de novo. Percebo isso quando visito escolas e vejo a linguagem da BNCC e a prática curricular antiga, com uma mescla de conteúdos mais genéricos, particularizados, abordados pelos currículos estaduais, municipais e das escolas públicas.

Parece-me ainda que muitos Secretários de Educação e Gestores não estão conseguindo manter o ritmo dos conteúdos e a formação continuada de seus professores. Havendo ainda em algumas regiões do Brasil uma discrepância cultural, as vezes um excesso e em outras vezes uma escassez de regionalização. A BNCC não deve ser vista como uma “camisa de força”, ao contrário, ela estimula a diversificação curricular, a autonomia dos sistemas de ensino será mantida, e o Brasil terá uma base e muitos currículos com diretrizes e fundamentos adequados.

Bora lá!

Múcio Morais

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