É revelador o esfriamento pós-Campanha em todos os processos eleitorais a que estamos sujeitos, uma espécie de ressaca pós-festa, e, com pouquíssimas exceções o ritmo dos eleitos se mantêm na base “do que herdamos e o que não podemos fazer”, até que aos poucos a população vai se recompondo e caindo na rotina da convivência com as contradições e entregando-se rapidamente a boa e velha descrença, seguidas de “clichês” do tipo: depois da campanha vem a incompetência, políticos são todos iguais, acabaram de fazer a festa agora estão voltando ao normal...
Nesse momento a população enfia todo mundo no mesmo saco, acredite, sem um fato novo, é para lá que você vai até mostrar serviço, e, serviço que entre na casa, na vida, no bolso, na rotina, na saúde, nas facilidades que as pessoas querem ou precisam.
E, no geral, a população está
certa. A falta de dinâmica e a aparente independência das secretarias e setores do governo
acabam por gerar muitas contradições administrativas, parece que após a “distribuição
de cargos” cada um se torna um mini governante, desconectado das realidades
expostas na campanha e mais ainda do projeto apresentado à população, afinal de
contas o que a educação tem a ver com o turismo? O que a cultura tem a ver com
a saúde? O que a segurança tem a ver com o esporte? O que o meio ambiente tem a
ver com a fazenda? Enfim, é este modelo arcaico e disperso que tem sido
aplicado nos municípios brasileiros, cada um no seu quadrado e o processo fragmentado.
Vamos falar do GPRD – GESTÃO PÚBLICA E RECORTES DINÂMICOS, este processo foi desenvolvido e apresentado por mim mesmo no 11º CONGENAS, alguns gestores conseguiram escutar e buscaram apoio para mudar suas histórias, enfim, trata-se de um processo, um jeito de fazer as coisas andarem em sintonia, e mais que isso, manter engajamento, credibilidade e um senso comum de que as coisas estão acontecendo, mas como fazer?
Primeiramente,
fazer um levantamento de interesses comuns entre as secretarias, onde as ações e resultados podem se encontrar, entender que é preciso criar pequenos eventos, com ciclos
rápidos de execução e resultados, mantendo a população ligada e ativa, o
marasmo administrativo gera falta de engajamento e descrédito, ficar só
planejando sem que algo esteja acontecendo produz uma espécie de angústia
social.
O plano de
governo deve trazer estes pequenos eventos já previamente definidos para
execução imediata, as pessoas precisam receber o impacto dê as coisas estão
acontecendo rapidamente, mas, se não está planejado, bora sentar e pensar.
Este processo
de pequenos eventos deve ser mantido em forma de campanhas e chamamentos à
população, com envolvimento da sociedade, apontando as diversas direções,
investimentos, temas de interesse geral e segmentados;
A IDEIA
CENTRAL É: ESTAMOS TRABALHANDO MUITO, ESTAMOS TRAZENDO SOLUÇÕES, ESTAMOS JUNTOS
(Sem demagogia) ESTAMOS CONSTRUINDO, ESTAMOS MUDANDO...
Nada de chororô
do tipo, cada gaveta que abrimos achamos um problema, quebraram a prefeitura e
agora? Deixaram tudo bagunçado, estamos arrumando a casa. Um novo governo não
deve ficar explicando o “porque não estamos fazendo”, mas agir e fazer o que
pode, a mensagem é: ESTAMOS TRABALHANDO MUITO, SEM DESCULPAS.
Nas eleições de 2008, ajudei um amigo no interior do Rio de Janeiro e outro em Minas, ambos iniciantes na política, preparamos uma série de eventos no formato Campanhas de informação, ação e conscientização, logo que empossados começaram uma campanha chamada “A CIDADE É NOSSA CASA” VAMOS CUIDAR DELA? Esse tema trouxe mais de 10 variações, abordando desde comportamento, até educação para cidadania. Usamos também a primeira pessoa como forma de motivar e sensibilizar, EU ESTOU AQUI PARA AJUDAR, NITERÓI CONTE COMIGO; PAREI DE RECLAMAR, AGORA EU SOU IDEIAS; processos educativos despertando vocações e responsabilidades; EDUCAÇÃO DE VERDADE COMEÇA EM CASA, A ESCOLA COMPLEMENTA; OS MELHORES PROFESSORES SÃO OS PAIS; podemos ainda apelar para as boas memórias, AQUI ESTOU CONSTRUINDO MINHA FAMÍLIA, VIÇOSA, CONTE COMIGO; enfim, prefeito, você ama sua cidade? Deixe-os saber!
São abordagens simples que funcionam, e algumas viraram jargões nas cidades. Criaram boas expectativas, trouxeram a população para perto do governo. Se tivéssemos uma educação política menos “hipócrita” saberíamos dar sequência na campanha e não agir como se a causa estivesse ganha. Gerar os melhores sentimentos na população e manter o estado de espírito elevado é parte essencial do sucesso de uma gestão. A Neurogovernança deve ser uma prioridade no processo de gestão, mas isso é outra história, outro artigo. hahaha
Quem não se lembra da campanha: EU SOU BRASILEIRO E NÃO DESISTO NUNCA! Pois é, virou um jargão nacional, com frequência escuto pessoas falando dessa forma, a falha foi não dar sequência e criar um processo de autoestima, educação e cidadania.
O processo dinâmico deve durar por
todo o mandato, mantendo a interação das secretarias e temáticas comuns, a ideia
seguinte é ESTAMOS TRABALHANDO JUNTOS, ESTAMOS TRAZENDO SOLUÇÕES JUNTOS... Quando
obtemos um retorno do tipo: A Educação é boa, mas a saúde é péssima. A
vigilância sanitária é rápida para multar, mas a limpeza urbana não funciona. Estamos
dizendo a população que nossa gestão é quebrada, desunida, e que nossa competência
é limitada. Isso não somente serve de munição para os opostos como tira nossa
autoridade e estabelece contradições administrativas perigosas.
Fechando a ideia, é essencial planejar integrando e projetando uma dinâmica com objetivos a curtíssimos, curto, médio e longo prazo, incluindo táticas saudáveis de engajamento da sociedade, sem dormir no ponto, fazendo ações simples serem percebidas, passando uma ideia real de que estamos trabalhando “muito”. A variedade de mídias nos permite influenciar a todos, cartazes, vídeos, canais especiais, WhatsApp, outdoor, enfim, chegar às pessoas não é nosso problema maior.
Múcio Morais