O MOTIVO DOS CANDIDATOS E SEU IMPACTO NA CAMPANHA ELEITORAL - MÚCIO MORAIS

Já tendo prestado meus serviços profissionais em algumas campanhas, como observador do processo aprendi que as pessoas têm razões diferentes para se candidatar a um cargo público, e, estas razões definem quanta energia irão colocar na campanha. Alguns dos motivos realmente sequer exigem algum esforço ou estratégia, vejamos, não necessariamente nesta ordem, alguns destes motivos:

(OBS. Aqui não trato dos candidatos majoritários)

1. Status, ser candidato já é status em muitas comunidades, famílias ou espaço de convivência, um grande feito, apenas dizer que concorreu ao pleito já transforma alguns em heróis. 

2. Vaidade, muito parecido com o “status”, mas com uma pitada de baixa autoestima, uma necessidade de ser reconhecido e a chance de falar sobre si com os outros;

3. Ideal comum, algumas comunidades apresentam determinadas necessidades históricas encampadas por alguém com uma certa notoriedade e este personagem parte para a candidatura. 

4. Ideal pessoal, este é o candidato que sonha com esta oportunidade, geralmente pensou em se candidatar em outras ocasiões, mas perdeu-se em divagações, este vem com os mais diversos motivos, alguns nobres e outros nem tanto;

5. O Salário é bom, sim, isso mesmo, alguns têm unicamente interesses econômicos, querem tranquilidade e realmente acreditam nas facilidades e mordomias que um cargo público oferece;

6. Pressão dos amigos ou da família, este às vezes perdido, falou demais sobre determinados temas, posicionou-se e fez com que as pessoas acreditassem que “ele é o cara” geralmente é só um falastrão, mas agora, tem que assumir a bronca sendo candidato;

7. O Ingênuo, esse acredita em quase tudo, desinformado sobre as atribuições do cargo, acredita que pode fazer e acontecer só na base da vontade, tem uma mente fértil e pensa que vai impressionar e obter apoio dos “coleguinhas de mandato”;

8. O engajado, este é um militante por natureza, geralmente envolvido com causas sociais, consegue beneficiar as pessoas por seus esforços pessoais, é admirado e por algum tempo tinha como vantagem não ter o “rabo preso”, mas mudou de ideia, percebe que um mandato pode dar a ele melhores condições de servir e certamente vai conseguir se desvencilhar dos conchavos e corporativismo;  

9. O Comprometido, este geralmente luta por uma causa, mais filósofo do que militante, tem uma boa visão de si, evita aliar-se a pessoas aparentemente descompromissadas, faz escolhas equilibradas, mas não o chame para uma carreata, ele não vai, seu estilo é comer pelas beiradas, trabalhar diretamente com seus eleitores, este tipo influencia resultados por sua precisão e eficácia. 

10. O Malandro, esse não preciso falar muito, a sociedade brasileira está cansada de vê-los por ai, ostentando seus mandatos, lidando com as pessoas a moda antiga, reclamando, prometendo, explicando, aparecendo em qualquer descerramento de placas, comendo na cozinha, abraçando, e, agindo como se fosse o dono da situação. Esse, à medida que a sociedade evolui, vai perder seu lugar, 

Neste cenário, é essencial que os objetivos majoritários (candidatura a Prefeito) não se percam, e, para que isso acontece é necessário “qualificar” os candidatos a vereador, dar a eles as informações básicas de suas possíveis atribuições, entendendo ainda que a disciplina não é uma característica das mais presentes em nossa gente, sendo assim, é necessário fazer um gerenciamento, fazendo a leitura do cenário de cada candidato, elaborando estratégias adequadas e gerenciando as ações para que os resultados apareçam e sejam um motivador para os candidatos.

Quando deixamos estes candidatos à deriva, vez ou outra fazemos um encontro de oba oba, ou de falação institucional, acabamos por não alinhar objetivos e não conseguimos agregar o fator maior da eleição, que é obviamente a eleição majoritária, e, todas as mudanças que isso significa no contexto da cidade, estado ou país.  

Os candidatos a vereador precisam comprar o sonho, enxergar além de si, entender o projeto que está sendo proposto, e, nessa barca, ele navega e leva também a própria candidatura como apoiador destas mudanças. 

A equipe de trabalho do candidato a prefeito, deve ser também a equipe de todos os candidatos, colocando-se à disposição para orientar ações e ofertar apoio técnico para melhorar a campanha. Demonstrar que a eleição dos candidatos a vereador não é importante e essencial é um grande erro que muitas campanhas cometem. 

Cuidado com isso. Ninguém ama mais os objetivos do outro em detrimento dos próprios sonhos, ajude nos sonhos dos candidatos da chapa e ele levará a proposta da nova gestão na prefeitura com ele. 

Candidatos, pensem nisso!

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