Você sabe que há um forte ecossistema de empreendedorismo
quando há um número crescente de startups.
Falso. Não há evidências de que apenas aumentar o número de
startups ou formar novos negócios estimule o desenvolvimento econômico. Há
alguma evidência do contrário, ou seja, o crescimento econômico estimula a
criação de novos negócios e startups. Há também alguns motivos para acreditar
que o número de pequenas empresas está relacionado negativamente com a saúde
econômica nacional. A Fundação Kauffman informou recentemente que, à medida que
a economia dos EUA melhora e o emprego de qualidade aumenta, o número de
startups diminui. Na verdade, incentivar startups pode ser uma má política.
Ao oferecer incentivos financeiros (por exemplo, créditos
fiscais para investimentos de anjos) na fase inicial, o investimento de risco
em empreendedores oferece um claro estímulo ao ecossistema de empreendedorismo.
Falso. Na verdade, há poucas — ou nenhuma — boas avaliações
do impacto de crédito de imposto de anjos abundante. Um estudo com um dos
planos mais antigos desse tipo, o Plano de Investimento Empresarial, iniciado
na Inglaterra em 1994, sugere que ele estimulou um aumento significativo de
pequenos investimentos (abaixo de US$ 10 mil) por investidores inexperientes
que avaliaram ter recebido retornos piores do que as alternativas. De fato, a
maioria dos investimentos em capital de risco está na Califórnia, Nova York,
Massachusetts e Israel, sem incentivos financeiros diretos além dos lucros
totalmente tributáveis.
A criação de emprego não é o principal objetivo de promover
um ecossistema de empreendedorismo.
Verdadeiro. Como ninguém possui ou representa um ecossistema
de empreendedorismo, não pode haver um objetivo comum que motive todos os
atores. A motivação para promover o empreendedorismo depende inteiramente de
quem é o ator ou o a parte interessada. Para os dirigentes públicos, a criação
de emprego e as receitas fiscais (saúde fiscal) podem ser os principais objetivos.
Para os bancos, uma carteira de crédito maior e mais rentável pode ser o
benefício. Muitas partes interessadas devem se beneficiar para que um
ecossistema de empreendedorismo seja autossustentável.
Para fortalecer seu ecossistema de empreendedorismo regional,
é necessário estabelecer espaços compartilhados de trabalho, incubadoras e
similares.
Falso. Não há evidência consistente de que espaços de
trabalho compartilhado contribuam significativamente para o aumento do
empreendedorismo. Existem, sim, muitas anedotas de empreendimentos de alto
crescimento em todos os segmentos que começaram em incubadoras, mas também há
muitos outros exemplos, menos visíveis, talvez, de empreendimentos muito bem
sucedidos que não usaram espaços compartilhados de trabalho.
Se queremos ecossistemas de empreendedorismo fortes,
precisamos de uma forte educação para o empreendedorismo.
Falso. Surpreendentemente, não há motivo para acreditar que
a educação formal em empreendedorismo aumente o empreendedorismo ou o seu
sucesso – há, no entanto, alguma evidência de que ela é irrelevante. Hotspots
empresariais bem conhecidos, como Israel, Route 128, Silicon Valley, Austin,
Islândia, entre outros, apresentavam alto empreendedorismo muito antes de terem
cursos. Eles surgiram organicamente, acima de tudo devido ao acesso a clientes
e talentos empregáveis, bem como pelo acesso ao capital.
Empreendedores impulsionam o ecossistema de
empreendedorismo.
Falso. Ouve-se com frequência esta declaração, mas há uma
diferença fundamental entre ser um elemento essencial entre muitos – algo que
empresários claramente são – e ser o condutor. Não há um condutor de um
ecossistema de empreendedorismo porque, por definição, um ecossistema é uma
rede dinâmica e auto-reguladora de diversos tipos de atores. Em todos os
hotspots do empreendedorismo há importantes conectores e influenciadores que
podem não ser os próprios empresários.
Segundo empresários, os três principais desafios em todos os
lugares são o acesso a talentos, a burocracia excessiva e o capital escasso na
fase inicial.
Verdadeiro. Mas isso não significa que eles estão certos.
Como argumentei, este é um fenômeno tão onipresente que provavelmente reflete
algo fundamental sobre o processo do empreendedorismo em geral, em vez de uma
deficiência do ecossistema. O processo de empreendedorismo gera,
intrinsecamente, a sensação de que é difícil aumentar o capital de risco e que
ele é escasso.
Empresas familiares esmagam a iniciativa empresarial para
proteger sua “franquia”.
Falso. Pelo que ouvi dizer de conhecidos promotores do
empreendedorismo, as empresas familiares aumentam a escala ou maximizam sua
contribuição para mercados abertos mantendo-se como empresa familiar, porque,
geralmente, conseguem crescer por meio de conexões e proteções especiais.
No entanto, a experiência até mesmo nas economias mais
avançadas (por exemplo, a Dinamarca) sugere que empresas com estruturas de
propriedade familiar, de capital aberto ou de cooperativa são essenciais e
altamente facilitadoras para o ecossistema de empreendedorismo.
Como foi sua pontuação? Se você acertou mais de 50%, então
está em companhia exclusiva. O teste de realidade acima é apenas um ponto de
partida. O empreendedorismo cria, de fato, muitos efeitos econômicos e sociais
positivos. Mas formuladores de políticas públicas, a sociedade civil, os
líderes empresariais e os próprios empreendedores só podem realmente definir o
contexto para o desenvolvimento econômico bem sucedido separando o mito da
realidade e livrando-se dos muitos equívocos existentes.
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Daniel Isenberg / Harverd Business Review
Múcio Morais / Palestrante Motivacional / Consultor / Telefax: (31) 99389-7951
e-mail: contato@muciomorais.com
Este texto é parte integrante da Palestra "Empreender em tempos de Crise! Tempo de duração: 2.30h. / Contrate para seu evento; Atendemos em Todo o Brasil