As metáforas apresentam ao paciente uma situação conhecida,
ou ainda melhor, vivida por ele, que se associa ao problema que apresenta
atualmente e que, além disso, lhe oferece uma solução.
As metáforas terapêuticas precisam abrigar uma série de
características para que sejam eficazes. Em primeiro lugar, a metáfora precisa
ser compreendida pelo paciente, de modo que o seu relato precisa estar adaptado
ao seu nível de compreensão. Por outro lado, é desejável que a pessoa se sinta
refletida nela, de modo que entenda o que está acontecendo e esta compreensão a
motive a realizar a mudança terapêutica necessária.
A metáfora também precisa ter uma estrutura de ação, de modo
que na narrativa estejam refletidos os passos necessários que o paciente
precisa realizar se quiser conseguir a mudança. Além disso, precisa oferecer
uma solução ou saída do problema, de modo que o paciente enxergue com clareza
que os passos que precisa dar irão levá-lo, se os realizar da forma correta, a
solucionar o problema pelo qual está fazendo o tratamento.
Principalmente na terapia de aceitação e compromisso (ACT) o
uso de metáforas é bem difundido. Queremos expor ao leitor algumas metáforas
que no nosso entender, podem ajudar os pacientes ou qualquer pessoa que se
sinta perdida.
A metáfora dos dois alpinistas
Imagine que o seu terapeuta e você são dois alpinistas, cada
um subindo por uma montanha diferente, mas próximas. O terapeuta pode ver um
caminho que pode ajudá-lo a subir melhor a sua montanha, mas não porque seja
mais esperto que você, nem porque já a tenha escalado antes, mas porque está em
uma posição onde pode ver coisas que você agora não consegue ver. Finalmente,
mesmo que o terapeuta lhe indique o caminho, é você quem deverá subir a
montanha. Portanto, a vantagem do terapeuta com relação ao paciente é a
perspectiva. O terapeuta pode oferecer um ponto de vista ao paciente que este
não possui; mas o paciente deverá incorporar esta informação com a que ele já
tem para poder avançar.
A metáfora da luz
Os pensamentos automáticos negativos, como o próprio nome
indica, aparecem na nossa mente de forma automática porque têm sido repetidos e
repetidos durante muito tempo. Então, criamos um hábito de pensamento.
Uma metáfora que é muito usada na terapia para explicar este
fenômeno mental tem a ver com uma coisa que já aconteceu conosco e todos já
fizemos. O que acontece quando queima uma lâmpada ou a luz acaba? Entramos
naquele cômodo e, mesmo sabendo que a luz não irá acender, apertamos o
interruptor. Acontece a mesma coisa com os pensamentos, é algo que já está
incorporado e automatizado.
A metáfora da casa e dos móveis
Uma casa deixa de ter valor se seus móveis são velhos, feios
ou se estão estragados? A resposta é não. A casa tem valor, independentemente
dos móveis que contenha. A casa não são os móveis. Da mesma forma, o ser humano
é valioso independentemente dos seus pensamentos ou das suas atitudes pontuais.
Podemos ter pensamentos ou gestos mais ou menos nocivos,
prejudiciais ou negativos, mas isso não faz com que toda a nossa pessoa seja
assim.
A metáfora da areia movediça
A ansiedade é como estar sobre areia movediça: quanto mais
você luta contra ela para sair dali, mais ansiosos ficamos e mais desesperada e
enérgica é essa luta. Assim, o que esta metáfora recomenda é que quando você
estiver em um estado de ansiedade, procure relaxar, agir contra o que “o corpo
está lhe pedindo”.
A metáfora da viagem a uma nova cidade
Você tem um objetivo: viajar, mudar de ares, e começar uma
vida em uma nova cidade. Você pega o carro para ir para lá e alguns passageiros
intrusos no banco de trás começam a dizer: “Mas onde você acha que está indo?
Você não tem capacidade para fazer isso! Você não é capaz de pegar esse carro,
dirigir tanto e viver em outro lugar!”
Esses incômodos passageiros são os pensamentos negativos:
tentam boicotar nossos objetivos, provocando ansiedade, e fazem com que
finalmente deixemos o carro e voltemos para casa, para nossa zona de conforto.
A metáfora da festa e o convidado que não cai bem
Você foi convidado para uma grande festa: o casamento do seu
melhor amigo. Evidentemente, você tem muita vontade de comparecer, mas ficou
sabendo que também estará alguém que não lhe agrada muito. Trata-se de um
colega de trabalho do noivo que apresentaram para você certa vez e ele não lhe
cai bem. Você vai deixar de ir aO casamento por causa disso? Imagino que a sua
resposta seja não, já que você tem muitas outras pessoas para aproveitar.
Do mesmo jeito, as emoções negativas são como esse
convidado: não é porque elas também foram convidadas para a festa que devemos
deixar de fazer as coisas que nos importam.
A metáfora do calor
As emoções negativas são como o calor: muito desagradáveis.
Certamente você não diz a si mesmo que é horrível sentir calor, insuportável, a
pior coisa do mundo. É desconfortável, mas sabemos que de vez em quando teremos
que passar por isso, principalmente no verão. Não damos mais importância do que
isso. Da mesma forma, as emoções negativas existem e às vezes teremos que
vivenciá-las. Por que não somos tão indulgentes com nossos próprios estados
emocionais? As emoções, assim como o calor, uma dor de cabeça ou uma espinha no
nariz nada mais são do que estados fisiológicos chatos ou desconfortáveis, mas
não vão muito além do que nos dar essa informação.
Agora é sua vez de se lembrar sempre destas metáforas quando
precisar! Você verá como a partir desta nova perspectiva, tudo ficará mais
claro.
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fonte:https://amenteemaravilhosa.com.br/7-metaforas-terapeuticas-ajudam-entender/
Sucesso a todos!
Palestrante Múcio Morais /