por MÚCIO MORAIS
Como assim, Au o quê? Você está chamando meu filho de maluco? (Respondeu um Pai ao receber a avaliação e diagnóstico de Autismo do filho)
Não senhor, respondeu a psicopedagoga, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é resultado de alterações físicas e funcionais do cérebro e está relacionado ao desenvolvimento motor, da linguagem e comportamental. O TEA afeta o comportamento da criança, após as avaliações este é o diagnóstico de seu filho, agora, temos que trabalhar a favor dele.
É importante que o senhor aceite esta situação com naturalidade e responsabilidade, assim vamos evitar que sua negação cause qualquer sofrimento e pelo menos ofereça a oportunidade de apoio mais precoce e intervenções que podem reduzir a probabilidade de desafios maiores no futuro.
O Pai, muito nervoso, levou a notícia para a esposa que, no outro dia, bem cedo, estava na escola desafiando os profissionais a provarem que seu filho tinha "Autismo" e que não aceitaria nenhuma ação da escola em relação a este problema.
Acalmada pela diretora, acabou por escutar que dificilmente os profissionais envolvidos no diagnóstico cometeriam este erro, foram psiquiatras, psicóloga especialista, neurologista, psicopedagoga e monitores especialistas, todos participaram desta avaliação dentro de suas atribuições, o diagnóstico nesse momento precisa deixar de ser a discussão, o principal agora é a definição do tratamento e caminhos que todos tomaremos para ajudar seu filho.
Este estado de negação de muitos Pais acaba por desconectar a família da responsabilidade com aquela criança, criando uma lacuna entre quem é o filho de verdade (com Autismo, TDAH, TDA...) e suas necessidades, com quem gostariam que o filho fosse (Totalmente saudável, sem nenhuma dificuldade neurológica, etc.) é assim que estes Pais querem e irão se apresentar ao mundo. Isso pode resultar em um distanciamento das reais necessidades emocionais e dificultar o estabelecimento de um relacionamento autêntico e significativos.entre pais e filhos.
A negação é mais um desafio para esta criança enfrentar, nesse processo os profissionais de educação que lidam com aquela criança sentem-se impotentes e acabam se vendo apenas como babás educacionais, sem a parceria da família e acompanhamento especializado, os progressos daquela criança serão mínimos e suas perspectivas bem reduzidas.
Pais em estado de negação na verdade se aproximam de "abandono de incapaz" não sou advogado, mas considero pais que abandonam seus filhos por puro estado de negação e delegam à escola os cuidados essenciais desta criança mais do que negligentes ou descuidados. CPB, Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Nos últimos tempos tenho trabalhado em centenas de escolas com alunos na situação de necessidades especiais / inclusão, e vejo estarrecido a atitude de muitos Pais em simplesmente descartarem seus filhos sem dar a devida atenção à patologia dos filhos.
A ESCOLA SOZINHA NÃO VAI FAZER OS PROGRESSOS QUE SEU FILHO COM NECESSIDADES ESPECIAIS PRECISAM.
Estados e municípios sem um programa tecnicamente eficaz e que incluam todos os elementos da inclusão, o desenvolvimento cognitivo (é a ampliação gradual dessa capacidade de assimilar informações, relacioná-las com as informações prévias e elaborar novos conhecimentos) e a formação para a vida, não conseguirão mudar o estado de abandono que estas famílias passam, ou somos sérios, ou continuamos brincando de monitoria, educação especial e inclusão.
Pais na negativa, governantes descuidados, profissionais sem especialização, escolas sem a devida estrutura (não estou falando de construir palácios, apenas investimentos pequenos, mas certos).
VAMOS IMPLEMENTAR UM PROGRAMA EFICAZ EM SEU MUNICÍPIO?
