EU? NÃO! EXPLICAR O ERRO X ADMITIR-SE FALHO - MÚCIO MORAIS

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EU? NÃO! A CAPACIDADE DE EXPLICAR O ERRO X A INCAPACIDADE DE ADMITIR-SE FALHO!

Múcio Morais | Síntese da Palestra

Nos últimos anos estamos assistindo a um verdadeiro festival do uso da língua portuguesa no sentido de se conseguir negativas e explicações para os mais diversos atos de desonestidade, corrupção e participação em desvios de conduta. Obviamente já escutamos diversas destas desculpas em nosso dia a dia, quem não tem um parente ou conhece alguém enrolado, que vive fugindo às responsabilidades, um preguiçoso profissional, alguém que seja um eterno devedor, goste de mentir, desde os pequenos até os maiores delitos, de certo forma a primeira saída para nos protegermos da possível “revelação” de nosso real caráter, é mentir ou minimizar. As formar e expressões são inúmeras,

VEJA ALGUMAS PÉROLAS:

o   Não tenho conhecimento do inquérito;

o   Não tenho envolvimento com nenhum fato ligado a...

o   Desconheço o teor das acusações;

o   Jamais participei de quaisquer atos ilícitos;

o   Nego qualquer participação em os fatos narrados;

o   Não tomamos conhecimento dos atos praticados;

o   Temos consciência de que as acusações são falsas;

o   O Suposto ato não tem nenhuma relação conosco;

o   Rechaço e nego veementemente a participação nos fatos;

o   Estou indignado e preocupado com a perseguição do Ministério Público;

o   As doações realizadas foram legais e devidamente declaradas;

o   A empresa ressalta que obteve todos os seus contratos de forma regular;

o   Sempre atendemos a todas as normas de fiscalização e execução;

o   Nego qualquer participação em atos ilegais;

o   "jamais participei, direta ou indiretamente, de qualquer ilegalidade;

o   O Delator não tem nenhuma credibilidade para me incriminar;

o   Sou vitima da boataria criada pelo poder Judiciário e pela Imprensa desse País;

o   Desafio a qualquer um a provar minha participação;

o   Jamais existiu qualquer participação de minha parte em nenhum dos fatos apresentados;

o   Duvido que exista uma pessoa mais honesta que eu nesse País;

o   Não me pronunciarei sobre o caso até ser notificado e tomar conhecimento do teor da ação;

o   Não me manifestarei sobre o caso. "Não sei de nada, não recebi nada, não posso falar nada";

o   Essa declaração é requentada e absurda;

o   Nesse País a coisa mais fácil que existe é atentar contra a honra de um homem ilibado e digno;

o   Assinei em confiança ao meu Marido, jamais li ou soube do que se tratava;

o   Todo mundo pode ganhar uma joia não pode?

o   Nada é meu tudo pertence a amigos e eu apenas usufruo;

o   Para mim todos esses fatos são novidade;

o   Eu nem lá estava naquele dia;

o   Quem disse isso?

o   Agora que a gente vê quem são seus amigos;

o   Eu não tive a intensão;

o   O meu passado diz quem sou, não preciso me explicar;

o   Eu sempre levo a culpa mesmo;

o   As pessoas estão sempre armando para mim;

o   Não quero falar mais deste assunto, pra mim já deu!

o   Se você se sente melhor assim, então, a culpa é minha;

Explicar, maquiar, procrastinar, empurrar, esconder-se, justificar-se, culpar outros (direta ou indiretamente) mentir, enganar e outros comportamentos semelhantes são parte de nossa formação, isso mesmo, em muitas culturas as coisas não são assim, e aprendemos desde cedo como fazê-lo. Estes pequenos “jeitinhos” vão ganhando proporção à medida que conseguimos nos safar de assumir responsabilidades por nossas falhas.

A Incapacidade de admitir que falhamos tem origem em nossa maneira de ver a nós mesmos, um estrabismo existencial que nos faz sentir como se fôssemos o próprio erro. Fugimos de ser incompetente, inadequado, falso, inabilitado, inconveniente, infiel, isso causa uma pressão enorme em nossa autoestima, nossa autoimagem, e, muitas vezes inconscientemente tomamos providências para manter a “pose”, assim evitamos a culpa, a auto piedade estagnadora, com o domínio e incômodo de nossas piores emoções, aquelas que apontam para nós mesmos no sentido negativo, enfatizando o descumprimento de padrões aceitáveis à sociedade e ao meio em que vivemos.

Todos precisam buscar um caminho para este dilema, para alguns a admissão do erro é simples, parece que sua autoimagem não é abalada com o fato de se pegarem em um deslize, isso me parece muito saudável.  Parecem ter alcançado o entendimento da “tragédia humana” em diversos níveis e a si mesmos não julgam com tanta severidade em virtude desse entendimento.

Possivelmente outro fator pode ser a capacidade de enxergar a vida e seus fatos como possibilidades de aprendizado encarando as falhas como “resultados’ e não como erros. Desta forma minimiza-se consigo mesmo e redime-se com a outra parte envolvida e prejudicada. Quando entendemos que a falha é parte de nossa caminhada conseguimos ver o outro com mais complacência. Conseguimos nos ver com mais leveza e dignidade.

Quero dar algumas direções, baseadas em minha própria caminhada, para ajudá-lo a vencer as dificuldades em assumir seus erros, espero que ajude:

Humildade, assuma o erro e diga a si mesmo, eu errei! Quando se assume um erro, dividir esta constatação com outros se torna mais leve. Acredite, o pior Juiz do mundo é você mesmo. Apenas admita e desculpe-se sinceramente. Sem explicações do porque, o que ou seja la o que for, admita o erro sem explicações adicionais. Errei, pronto! Quando agimos desta forma geralmente conseguimos quebrar as barreiras que se criam entre pessoas que erram umas com as outras.

Desarme-se, coloque-se no lugar do outro, perceba o sofrimento do outro. Nesses momentos é bom deixar nossos melhores sentimentos fruírem, pense que em alguns momentos da vida você também vai precisar ser visto(a) com olhos de ternura, de bondade, de leveza. Então faça isso.,

Entenda o lado do outro, como é difícil entender quando achamos que estamos certos. Abra mão de sua justiça própria em favor da paz. Existem muitas maneiras de fazer e pensar sobre algo, possivelmente os dois estão certos.

Se deve algo, se causou danos, pague!

Não saia como perdedor, como gostamos de ser vítimas, de sair fragilizados e virarmos o centro das atenções, NÃO É ESSE O OBJETIVO, o propósito é consertar o acontecido, aprender, amadurecer, então seja sincero(a) e honesto consigo mesmo, exponha-se, fale de sua falha, reconheça que precisa mudar e mude!

Voltando aos corruptos, percebo uma atitude dirigida e consciente na direção do erro, obviamente são contumazes na prática do mal, prejudicam milhões de pessoas privando-as do melhor atendimento em todas as áreas de necessidade humana. Colocam-se como servidores e acabam se servindo desta posição, utilizando as próprias prerrogativas dadas em favor da sociedade para proveito próprio.

Este comportamento de “erro consciente e inconsequente” me parece um desvio moral de grande proporção, o tipo de desvio que dificilmente pode ser tratado fora de um ambiente controlado (Prisão ou manicômio judicial) e obviamente o infrator nesse nível precisa ser retirado do convívio social e impedido de retornar em condições que cedam qualquer tipo de privilégio. Parece-me que este indivíduo necessita de um período enorme de reeducação e conscientização, além de contato com a espiritualidade e seus componentes humanos para se recuperar.

Não creio que os princípios tratados aqui sobre a culpa e assumir os próprios erros sejam suficientemente adequadas a este nível de comportamento (os corruptos) exceto em uma condição especial (Prisão ou manicômio judicial) como acima citado. Obviamente aguardamos as confissões e pedidos de desculpas por parte dos corruptos, mas isso dificilmente ocorrerá, existe uma autoimagem extremamente adoecida que impregna as emoções destas pessoas de maneira avassaladora.

Sucesso a todos em sua carreira de tornar-se um ser humano melhor!

Múcio Morais

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