FATORES DE RELACIONALIDADE HUMANA
NO SEC XXI - OS (DES)ENCONTROS VIRTUAIS!
Múcio Morais | Síntese da
Palestra
Com o advento da cyber cultura, as relações sociais de certo modo foram completamente reformuladas. É possível fazer operações bancárias, conduzir uma conferência, conhecer novas culturas, fazer compras no mercado e tantas outras coisas sem sair de casa.
Começamos a nos perguntar se neste novo desenho social, a premissa do nosso amigo continuaria válida. Certa vez um filósofo amigo nosso disse: "Na verdade, o ponto central da busca humana se resume à velha questão arquetípica – da busca do herói por sua princesa e vice-versa".
A teoria parece simplista e possui dificuldade de
ser sustentada ante aos desencontros da vida que acabam forjando um certo
ceticismo acerca da afirmativa… Contudo, sua assertiva conduz a uma reflexão
sobre as relações afetivas na contemporaneidade.
Com o advento da cyber cultura, as
relações sociais de certo modo foram completamente reformuladas. É possível
fazer operações bancárias, conduzir uma conferência, conhecer novas culturas,
fazer compras no mercado e tantas outras coisas sem sair de casa.
Começamos a nos perguntar se
neste novo desenho social, a premissa do nosso amigo continuaria válida.
Em nossa atividade profissional,
diariamente tomamos contato com dezenas de histórias e de pessoas ávidas por
resinificarem alguns aspectos de sua vida, ou mesmo ela por completo. É
relativamente possível perceber os ecos da cultura virtual chegando ao campo do
amor romântico. Mais de uma vez ouvimos que a internet foi um instrumento de
facilitação da assunção do papel homo afetivo, por exemplo. Escutamos histórias
positivas, de pessoas que encontraram novos amores a partir dos sites de
relacionamento, mas também ouvimos histórias de desapontamento neste campo.
Como diz o ditado “não existe nada de completamente errado no mundo, pois até mesmo um relógio parado está certo duas vezes ao dia”, cremos ser prudente não empunharmos a bandeira de tratar a rede virtual como a panaceia ou como algo a ser demonizado.
Ao
contrário, os sites de relacionamento crescem fartamente, pois há um público
que demanda amar e ser amado. Torna-se uma ferramenta útil pois funciona como
uma espécie de filtro, permitindo uma busca focada em aspectos que a pessoa
entende como imprescindíveis num parceiro: nível cultural, pertencimento
religioso, faixa etária, etc.
Pode-se também argumentar positivamente
no quesito “espiritualidade” não religiosa, mas me refiro ao fato de poder se
conhecer melhor o “interior” os pensamentos, pontos de vista, gostos e sinais
de comportamento que fazem parte dos primeiros contatos “não visuais” que a
internet propicia, é evidente que não nos referimos às personalidades forjadas,
mas àqueles que honestamente se utilizam desse meio. Como diz um amigo nosso
que é um case de sucesso amoroso da internet: “Ela nunca teria me dado bola se
tivesse me visto no supermercado”.
Os grandes riscos atrelados à
busca virtual é o de se deixar envolver por uma ficção, um personagem, pois não
se tem a garantia que as características auto descritivas são reais. Talvez por
isso, as estatísticas mostrem que o percentual de relações que se iniciam no
ambiente virtual e que obtém sucesso, é das que o mais cedo possível saem da
virtualidade. Assim, se tem acesso o quanto antes ao ser real, impedindo
projeções que podem resultar em desapontamentos. A este respeito, em especial
os relacionados aos aspectos físicos, uma vez que o foto shop já se encontra à
disposição de todos e todas!
Outro fator preocupante no campo das relações virtuais, é o fato destas ou funcionarem como uma defesa: indivíduos que apenas se relacionam virtualmente, sem desejar concretizar aquele encontro ou funcionarem como matéria de dispersão: dezenas de possibilidades, dezenas de pessoas parcialmente interessantes, dezenas de chamadas simultâneas no WhatsApp e outras ferramentas virtuais com mensagens pré-fabricadas, stickers, memes, e uma grande dificuldade de vinculação e aprofundamento nos eventuais encontros.
No mais, vale o refrão do Lulu
Santos: “Não leve um personagem pra cama, pode acabar sendo fatal”…
Podemos levantar ainda os
processos de pré-decisão ou, tomando como empréstimo uma terminologia de
marketing, a “pesquisa de mercado” praticada por indivíduos que mantêm uma
relação instável e incômoda, necessitam de subsídios para impulsionar uma
decisão no caminho do rompimento, estando as relações virtuais ainda dentro de
um certo anonimato, acabam por lançarem a candidatura a “futuro disponível”
para ver a quantas andam o seu ibope.
A internet é mais uma
possibilidade de interlocução humana, não é o meio por excelência. E com
relação à provocação inicial feita pelo nosso amigo, Sim, ele tem razão, esta
busca é uma das que mais nos movem!
Sucesso a todos! Múcio Morais |