Em minha experiência com escolas em todo o Brasil, tenho constatado uma questão que compromete grande parte do processo educacional, percebo com clareza a distância entre a Escola e a Família, uma lacuna refletida em diversos momentos, na ausência dos Pais no dia a dia da vida escolar dos filhos, no desconhecimento por parte da família das reais situações dos filhos na escola, no acompanhamento meramente protocolar e superficial de notas, conceitos, comportamento, assiduidade e necessidades mínimas dos filhos.
Muitos Pais nos raros momentos que
“aparecem” é para lidar com alguma situação em especial e demonstram um
desconhecimento assustador do caráter, habilidades, comportamento,
valores, crenças e personalidade dos
filhos, e, quando os colocados diante de situações desconcertantes afirmam
categoricamente a “inocência” do filho, e o argumento é: conheço meu
filho, ele nunca faria isso! E resta a escola responder: Pois é, ele fez e
você não conhece seu filho, pelo menos o filho que frequenta esta escola,
este vou te apresentar agora. O Filho que você conhece, não apareceu por aqui
ainda. |
Reunião de Pais (Colégio
Salesiano de Cuiabá-MT) |
Se os raros momentos em que escola e pais se encontram são tempos desagradáveis para lidar com os atropelos dos filhos, ser certamente chamado à escola não traz sentimentos dos mais animadores.
ALIMENTANDO A PARTICIPAÇÃO
DOS PAIS NA ESCOLA!
Este ciclo influencia diretamente em nossos encontros e reuniões de Pais na escola, obviamente a cultura de aparecer para apagar incêndio é cômoda e alivia a consciência, mas não traz nenhum resultado. Antes de dar algumas direções para as reuniões, quero levantar algumas questões que se não modificadas irão decretar a continuidade desta relação infrutífera. Deixe-me enumerá-las:
1.
A falta de
relacionamento, convivência, com as famílias por parte da direção e
professores, não estou falando de nada exagerado ou fora das possibilidades,
mas falo de uma rotina onde cabe ligar para a família apenas para “dar um
alô”; isso desperta o senso de importância e pertencimento dos pais e alunos,
imagine os Pais contando aos filhos que a Diretora, Supervisora ou mesmo a
Professora deu uma ligadinha e fez um elogio. |
2. A distância da linguagem pedagógica com a linguagem popular, comum às pessoas, utilize o coloquial no dia a dia com os Pais;
3. A expectativa das Famílias que esperam que a escola ofereça um espaço seguro e acolhedor. Além disso, elas querem que a educação seja integral. Assim, segundo os Pais, a escola deve responder às demandas do mundo contemporâneo, grande parte das família abdicam de suas responsabilidades em favor da escola, esta distância entre as expectativas geram um espírito crítico em ambas as partes. É um veneno silencioso e sorrateiro, que precisa ser esclarecido. Deixem as coisas claras desde o início, mostre quem faz o que! Ou este círculo vicioso onde uma sempre está apontando para outra, sem parar para pensar na posição do aluno vai continuar.
4. Faça com alguma frequência um “Café na escola” por turmas, apenas para receber os Pais, conversar, dar risada.
5. Abra a escola para atividades de lazer no final de semana, coisas como futebol, volley, jogos de mesa, apresentações da comunidade etc;
6. Eu sou a favor de um profissional na escola para as relações familiares, este profissional fica encarregado de trabalhar com as família, com todas as atividades acima mencionadas.
7. Um “banco de profissões” com a profissão dos Pais que poderão ser convidados a prestar pequenos serviços na escola em forma de multirão ou não;
8. Faça uma lista de Pais aniversariantes; A Escola pode enviar cartão de aniversário aos Pais através dos filhos; coisas simples assim mexem com as pessoas;
9. Faça o possível para levantar as famílias, dar a elas o mérito de quaisquer mudanças nos alunos, elogie, reconheça, comunique-se!
10. Crie a “passadinha na escola” o Pai ou a mãe passam na escola em qualquer horário, colocam a cabeça na porta da sala e mandam um beijo para o filho, ou mesmo chegam no recreio e abraçam o filho, depois vão embora, a passadinha na escola faz um bem enorme para os alunos.
Então, estas são algumas dicas para TER UMA UNIÃO DE PAIS efetiva, afetiva, participativa e com significado para todos. Agora sim, bora falar da reunião.
Faça um planejamento da reunião, defina que tipo de reunião pretende ter. O que se percebe é que a escola segue geralmente o mesmo roteiro de sempre, com um planejamento mínimo, se de fato pensar numa boa reunião, então:
1. Defina o horário de início e final, sim, isso mesmo, muitos Pais não gostam de reuniões intermináveis onde todos querem falar, falar e falar! A Família quer saber se vai dar tempo para ver a novela ou assistir ao futebol, parece brincadeira? Não é!
2. Comece
a reunião de forma positiva, com uma mensagem simples elogiando ou exaltando o
valor da família, pode ser usado um vídeo emocionante, ou uma pequena história de
família, enfim, tudo muito simples e curto.
3. Defina o que será tratado e quais os objetivos, trate dos problemas e das virtudes em “lotes” não individualize as questões, não humilhe as famílias, não apresente as dificuldades das famílias individualmente, reuniões são para tratar de temas de forma coletiva. As questões pessoais ou individuais devem ser tratadas somente com a família em questão de maneira séria e respeitosa. |
Tema 1: Vamos
tratar sobre o número elevado de alunos chegando atrasados na escola;
Argumento 2:
Queremos entender os porquês deste fato.
(Até 7 Famílias falarão por 3 minutos cada, será que conseguiremos?)
Decisão 3: Queremos
fazer algo que elimine ou minimize este problema, pedimos sugestões e vamos
estudá-las para ver se a escola pode se adaptar.
5. Não trate de “tudo que está errado” na escola, aprenda que alguns problemas se resolvem a partir da boa vontade dos Pais, professores e alunos, então trate de poucas coisas, seja sensato, tratar em massa ou apagando incêndios não ajuda muito.
6. Coloque
um moderador(a) que tenha talento para isso, administrar pessoas, emoções e razões, com bom humor, cortesia, valorizando as participações, dê preferência a alguém que se relacione bem com as famílias; esta pessoa deve
agradecer as opiniões e ideias, anotar juntamente com os demais do corpo
técnico da escola, mostrar interesse e respeito. Mostrar gratidão genuína!
7. Em
algumas ocasiões opte por reuniões apenas de gratidão, agradeça aos pais, chame
um palestrante profissional para uma breve palestra motivacional, e pronto, acabou
a reunião.
8. Em
outras ocasiões faça dinâmicas interessantes, curtas e engraçadas que tenham a
ver com o tema,
9. Não
sufoque os Pais com reuniões; crie um ambiente descontraído, porém sério no
tratamento da educação;
Com estas ações, pode acreditar, seus encontros com os Pais terão muito mais participação, a escola terá as parcerias fortes das famílias e em pouco tempo a realidade monótona e sem graça deste encontro, serão passados.
Bora trabalhar e construir! Múcio Morais
ESTE ARTIGO É PARTE DA PALESTRA BEM ANTES DA REUNIÃO DE
PAIS COM PROFESSOR MÚCIO MORAIS