A falta de limites na educação dos filhos e a síndrome do imperador
A falta de limites por parte de muitos pais forma
crianças e adolescentes que acham que
podem fazer tudo, sem ter que pagar pelas consequências de seus atos.
Como explicar o aumento do número de crianças com comportamento autoritário, que agem segundo seus caprichos e exigências? Existe até um termo para esse tipo de criança: são meninas e meninos imperadores. O termo síndrome do imperador surgiu recentemente para caracterizar um tipo de relacionamento entre as crianças e os adultos que as educam.
A explicação para este tipo de comportamento está na família
e na sociedade. O problema tem sua origem, muitas vezes, em pais ausentes que,
para diminuir seu sentimento de culpa pelo tempo que não passam com a criança,
atendem a todas as suas vontades. Para se aproximar dos filhos, acabam por
realizar seus desejos, muitas vezes, antecipando-se a eles. Tendem a ser pais
mais permissivos e super protetores, que não
colocam limites aos filhos nem estabelecem regras claras.
Pedagogos e psicólogos afirmam que as crianças mimadas, que se acostumaram a receber tudo sem dar nada em troca, transformam-se em adultos vulneráveis, que não conseguem ouvir um não e têm baixa tolerância à frustração. Hoje, sabemos que os limites dão segurança às crianças, que se sentem perdidas se não existirem regras de conduta em casa ou na escola.
Os limites são como linhas vermelhas que funcionam como barreiras
que a criança deve saber que não pode cruzar. Com os limites as pessoas vivenciam as frustrações, criam
novas estratégias para resolver as situações e se esforçam para novas metas.
E como a escola lida com esse padrão de comportamento? No
Colégio Pentágono, existem, claro,
crianças superprotegidas e mimadas, mas não são o padrão. Escola é uma
instituição que, para poder funcionar
com eficácia, precisa de regras de conduta
e procedimentos. Cabe à equipe pedagógica estabelecer normas claras dentro da sala de aula, nos
corredores, nos intervalos. Limites são sinais de cuidado e orientação.
Construir esses limites na escola leva tempo, dá trabalho, é um processo com idas e vindas, conforme a faixa etária. Um bom caminho é não ficar fazendo sermão, sempre explicar o porquê das regras, escutar o ponto de vista dos alunos, mas mantendo princípios que não se negociam.
Ações agressivas e raivosas que, muitas vezes, são maneiras equivocadas de reagir às frustrações são combatidas com firmeza. Na imensa maioria das vezes, as famílias são parceiras, compreendem que precisamos atuar com sanções quando as regras não são respeitadas.
Nos últimos anos, o Colégio Pentágono intensificou as ações
para o desenvolvimento de competências socioemocionais. O aluno com bom
rendimento acadêmico é o que aprendeu a desenvolver capacidades, como
determinação, responsabilidade, flexibilidade. O aluno que teve oportunidade de
refletir e vivenciar a empatia sabe atuar levando em conta as perspectivas
próprias e de outras pessoas. O aluno que aprendeu a se conhecer consegue atuar
para ter autocontrole.
O tema da formação de limites é essencial, também, porque os nossos alunos logo chegarão ao mercado de trabalho, que pouco espaço dará aos imperadores. (Texto de Adriana Giorgi Costa - Orientadora Educacional do Colégio Pentágono).