O que estes pacientes não se dão conta é de que, sempre que procuramos um especialista, quer para tratar sintomas físicos ou fisiológicos, quer para nos ajudar a solucionar problemas emocionais ou de comportamento, (psicoterapeutas) deve existir uma parceria eficiente entre o profissional e o paciente.
Realmente, o trabalho quer seja do médico, quer seja do
psicoterapeuta, ou qualquer outro profissional que atenda pessoas, deve ser
completado com a ajuda efetiva do paciente.
Sozinhos, nada podemos; juntos, unimos os conhecimentos
especializados, à vontade e à determinação do paciente.
O que as pessoas precisam saber é que nosso corpo é um todo,
nossas células se comunicam entre si e, quer levemos um susto, quer tenhamos
uma disfunção orgânica qualquer, nosso corpo reage a isso, toma consciência do
fato. Como somos "um", não existe divisão, nem só "mente"
ou só "físico".
Se somos "um", completo, podemos perceber, ao
detectar determinado sintoma, o que nosso corpo está querendo nos comunicar com
aquele sintoma. Porque alguém tem alergia a picada de formiga e não sente nada
quando picado por um mosquito? Porque alguém tem insônia, enquanto outras
pessoas dormem muito bem? Tudo isso tem uma resposta lógica dentro de cada um.
A medicina psicossomática vem cuidando, explicando e
tratando tudo isso e muito mais, entretanto, como fazer o paciente ser mais
ativo, colaborador e atuante em seu processo de cura? Em todos esses casos, não
existe regra geral.
Como psicoterapeuta, tenho tido muitos casos de pessoas que
procuram muitos médicos, no sentido de resolver e curar seu problema
"físico" e imagino que os abnegados profissionais com certeza
utilizaram todos os recursos e medicamentos para o caso, em vão.
Porque? Por que é imprescindível que o paciente possua uma
consciência mais profunda de seu problema, saber o que seu corpo está
procurando lhe comunicar, através daquela dor de cabeça ou da digestão difícil,
etc.
Tenho um exemplo de uma paciente de 30 anos que me procurou
com a queixa de que há alguns anos tinha uma fragilidade grande na região da
garganta e, vez por outra, estava ela com irritação e dor de garganta, ao falar
ou engolir os alimentos.
Não tinha mais amígdalas. De nada valeram todos os tratamentos.
Uma vez iniciado o trabalho de descobrir o que realmente eu corpo estava
querendo lhe comunicar através desse sintoma na garganta, descobriu-se que ela
tinha por hábito analisar o comportamento das pessoas, criticá-las, "tocar
na ferida alheia", sem que isso lhe fosse solicitado.
É claro que com esse comportamento muitas vezes acabava
tendo que "engolir" respostas que não lhe agradavam nada. Uma vez
detectada a causa, ela continuou seu trabalho no sentido de reformular a
maneira de se comunicar com as outras pessoas, respeitando o espaço e o
comportamento de cada um. A partir daí, ficou curada, com a mesma medicação que
até então não surtia efeito algum.
Muitos e muitos casos existem que deixam os médicos até
cansados, pois os pacientes não sabem como descobrir o que seu corpo quer lhes
comunicar através daquela doença ou daquele sintoma. O importante é que isso é
possível, pois existem técnicas específicas para esse fim e, com certeza o
paciente ficará aliviado e seu médico também.
Mirella G. B. de Castro - Psicóloga