COMO SER POLÍTICO BEM SUCEDIDO EM UM PAIS CORRUPTO? - Múcio Morais

                                  

Estou escrevendo em 2020, final das eleições municipais, os resultados de sempre, na capital um lampejo de mudança, alguns administradores razoáveis se mantendo, outros da turma da aprontação, mandados para fora, e ainda, aqueles que tiveram um mandato morno, apenas atendendo ao mínimo e se gabando de estarem presentes em “todas as seções” como se isso fosse um grande feito, digno de mérito e acabaram emplacando com esta conversa mole. Algo assim como presentear um funcionário porque aparece sempre para trabalhar. 

A Ignorância quanto as atribuições dos vereadores também levaram alguns a vitória. Verifiquei a história de alguns ganhadores em algumas cidades e suas plataformas giravam em torno de realizações que são atribuições do executivo e não do legislativo, ou seja, não passarão nem perto de cumprirem suas promessas, mas vale o engodo, pelo menos para ter um mandato.

Observo a queda do fascínio de grandes líderes, em muitos lugares partidos hegemônicos sequer apareceram na parte de cima das pesquisas e nos resultados das eleições, os imbatíveis foram humilhados com desempenhos pífios, caso do PT, PSDB, PTB e outros em Belo Horizonte, PT em São Paulo, PT, PDT e PSDB no Rio de Janeiro, PT, PSDB em Goiânia, enfim, mesmo com tempo generoso de TV e suporte de marketing super profissionais, parece que a população está aprendendo aos poucos que pode exercer sua vontade, mesmo que seja escolhendo entre o ruim e o pior, o que é o caso na maior parte das cidades brasileiras e que foi o caso em nossa última eleição presidencial.

De forma geral achei interessante e digno de avaliação o contexto e a resposta da sociedade, pareceu-me que a distância entre o voto do morro e do asfalto começa a ser diminuída, e a população está a conta-gotas, entendendo que estamos no mesmo barco.

Gostei do número alto de abstenções, é claro que as pessoas estão descobrindo o seu direito de opinar, fazer parte ou demonstrar sua indignação pelo não comparecimento às urnas, é uma forma de protesto, porque não? Evidentemente o lançamento de um APP do TER com a opção “Justificativa” à apenas um clique, ajudou bastante a quem não estava muito a fim de participar deste evento. Branco e nulos também foi uma festa.

Alguns resultados interessantes, e devem servir de reflexão, no interior da Bahia apareceu um candidato de boa cultura, advogado, com ideias avançadas, se colocando contra o estado de coisas no uso da máquina pública, aberrações como nepotismo, favorecimento aos correligionários e militantes com empregos e cargos, ele prometeu acabar com isso, mas, ele se esqueceu de que a cidade gira em torno da “corrupção e troca de favores políticos” as pessoas querem que seja assim, todos estão aguardando a continuidade do Prefeito atual a bem da permanência em suas atividades e outra parte torcendo pelo próximo Prefeito a bem de conseguirem uma boquinha ou até mesmo uma teta para mamarem, entre estes jogadores o pobre do candidato foi frito por ambos os lados, afinal de contas jogando limpo ele não seria bem-vindo.

Assisti uma live (entrevista) com este candidato, e, percebi o desconforto das pessoas, aquela sociedade tem a corrupção como cultura, fecham os olhos para muitas mazelas no município em troca da manutenção das indicações políticas, é assim que funciona, enquanto o candidato pensava estar inovando e oferecendo uma saída honrosa para a cidade, as pessoas o viam como um inimigo a ser eliminado. No Brasil tem coisas que a gente faz e não fala. Que fique a lição. Quem não tem interesse em um projeto de poder, precisa agir com mais sabedoria e não se inviabilizar antes da hora.

Outro candidato no interior de Minas Gerais prometeu isentar a todos do IPTU, acabar com esta “Injustiça” na opinião dele, pois bem, ele ganhou a eleição, mas quero saber de onde virão os recursos para manter os serviços essenciais à população, uma vez que sua maior arrecadação será extinta, o IPTU. Um tiro no pé, mas acredite, em muitos grandes centros esta também foi uma promessa “chave”, pois é por aí que muitos ainda caminham, esta é uma demonstração óbvia de que o candidato não tem “história” só futuro, e, se tivéssemos uma população “vidente” até teriam alguma chance, o poder pelo poder, e pouco importa se as promessas e compromissos de campanha tornarão inviáveis suas administrações, é um desastre anunciado.

Este é um Orçamento público municipal (básico), as fontes de receita, veja como as promessas de muitos são completamente absurdas e inviáveis:

As prefeituras dispõem de várias fontes de receitas, mas, geralmente, as transferências constitucionais respondem pela maior fatia do orçamento e é com isso que os Prefeitos terão que trabalhar, este é o bolo para ser administrado e em muitos municípios, algumas destas entradas tributárias simplesmente não existem, sobrando pouco para ser utilizado. Entenda, se mexer nesta estrutura, a casa cai;

Vamos entender estas receita:

Tributárias

I. Impostos (IPTU, ITR, ITBI e ISS)

II. Taxas (sobre serviços públicos)

III. Contribuição de melhoria, ­decorrente de obras públicas

Contribuições

Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública.

Transferências constitucionais

O município participa da arrecadação dos seguintes tributos:

I. Estado — 25% do ICMS, 50% do IPVA e 25% do IPI que o ­estado receber

II. União — 50% do ITR, 22,5% do IR e 22,5% do IPI, todos por meio do FPM, repassados em cotas calculadas pelo Tribunal de Contas da União com base em indicadores como população.

Compensação financeira (royalties)

Pela exploração de recursos naturais (petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos líquidos), de recursos hídricos e de recursos minerais, inclusive do subsolo da plataforma continental e da zona econômica exclusiva.

Patrimonial

Pela exploração econômica do patrimônio público do município (bens móveis e imóveis), mediante aplicações financeiras, venda de bens móveis e imóveis, aluguéis.

De serviços

Com a cobrança de tarifas sobre o transporte coletivo, mercados, feiras, matadouros, c­emitérios etc.

Outras receitas

Decorrentes de multas e outras penalidades administrativas (códigos de posturas, obras e outros regulamentos municipais, a atualização monetária e a cobrança da dívida ativa).

Mas ainda existem pessoas, e neste caso a maioria, que acreditam que Papai Noel será o próximo Prefeito de sua cidade. E que os Prefeitos e Vereadores podem com uma canetada isentar todo mundo dos “injustos” Impostos. Vamos combinar neh? O que estes candidatos deveriam fazer é educar a população e não a manter na obscuridade da falácia anti-impostos, isso é coisa da origem das esquerdas no mundo, já foi superado, e parece que alguns políticos ainda não saíram das cavernas.

Enfim, hoje é o dia seguinte, vamos continuar a vida!

Múcio Morais

PALESTRANTE  MÚCIO MORAIS

PALESTRAS E WORKSHOP VOLTADOS PARA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA                                (TODAS AS ÁREAS)




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