EMPATIA – Entrevista com Múcio Morais - Esta é uma transcrição da entrevista realizada pelos alunos da Faculdade de Psicologia da UFMG, com o Prof. Múcio Morais para o TCC – 2014 –

Empatia – Entrevista com Múcio Morais

Esta é uma transcrição da entrevista realizada pelos alunos da Faculdade de Psicologia da UFMG, com o Prof. Múcio Morais para o TCC – 2014 –

1 - O que é empatia?     

Muito mais que se colocar no lugar do outro, a empatia é baseada em sentir o sentimento do outro, sem essa perspectiva, ser empático passa a ser apenas uma técnica desprovida dos melhores valores humanos e aí os resultados, ainda que positivos não chegam a ser satisfatórios ou extraordinários; A empatia surge da comunicação entre o cérebro e o coração, quando a mente percebe e pede ao coração que o ajude na análise e nas ações.

2 - A empatia é inata ou pode ser desenvolvida? Como?

Eu diria que as duas origens são prováveis, mas é evidente que aquele que traz a empatia em sua bagagem da cultura de relacionamento, que a vivenciou na família e em outros círculos de convivência tem o estímulo a interagir com a necessidade alheia muito mais interiorizado do que aquele que simplesmente foi treinado; Por outro lado, mesmo esse “empático nato” pode aprender e amadurecer à medida que experimenta, observa e conclui; Desenvolver empatia é um exercício de consciência diário e à medida que a sociedade se sensibiliza ou embrutece o reflexo é imediatamente notado nas relações humanas.

3 - Qual a diferença entre simpatia e empatia?

Quando os sentimentos, emoções e reações de alguém são compreendidos e apreciados até mesmo por outra pessoa, pode se dizer que houve “Simpatia” esta pode ser mútua ou não. A simpatia é o simples entendimento do sofrimento do outro, em outra vertente podemos entender a simpatia como apreço, admiração a atos e ideias de outros. A Empatia é proativa, deriva-se inicialmente, geralmente, da simpatia, mas acontece no campo da ação, ou seja, quem é simpático se compadece ou admira-se enquanto quem é empático faz algo por compartilhar do sofrimento e sentimentos alheios;

4 - Por que a maioria das pessoas tem dificuldade em se colocar no lugar do outro?

Eu não diria que a maioria das pessoas tem esta dificuldade, a meu ver, estamos desenvolvendo uma cultura de relações sociais individualistas, onde agir em favor do outro é quase um ato de heroísmo ou sacrifício. Penso que esse sentimento é muito mais suprimido ou sufocado pelas pessoas do que inexistente. Creio que precisamos sair da multidão de repensar nossas ações.

5- Qual a relação entre talento, sucesso e empatia? Por quê?

O Talento, salvo algumas variantes, conduz ao sucesso e uma dessas variantes é a empatia. Alguém que se dispõe a aplicar suas habilidades em determinada área, com compromisso, determinação e foco é um sério candidato ao sucesso, porém o desenvolvimento da empatia em suas relações pode ser o fator fundamental para abrir ou fechar caminhos, é a diferença entre sucesso e sucesso com “significado e sentido”. Conheço muitas histórias de pessoas que causavam verdadeiro espanto dado ao talento em determinada área, porém sua incapacidade de perceber as pessoas, sua falta de simpatia e empatia tornaram os caminhos que a primeira vista pareciam naturalmente pavimentados e livres, em um verdadeiro Rally pela vida e acabaram no ostracismo.

6 - Qual a função da empatia no processo de crescimento pessoal e profissional?

Realizei recentemente uma palestra sobre Desenvolvimento Pessoal e Espiritualidade nas Empresas em um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil, ao terminar a apresentação, aproximou-se de mim um jovem advogado que me fez a seguinte afirmação: sabe de uma coisa professor Múcio, se eu não tivesse parado para escutar esta palestra, tenho certeza que em alguns anos eu seria um dos profissionais mais frustrados em minha área. Estou tão mobilizado em meu desenvolvimento “profissional” que, ao ouvi-lo, percebi o quanto estou empobrecido em minha sensibilidade e em meus relacionamentos. A função da empatia é fazer dos profissionais “GENTE” das pessoas “PROFISSIONAIS”.

7 - Por que, às vezes, o fracasso é que motiva as pessoas a mudarem o rumo de suas vidas? Qual a melhor maneira de mudar, sem antes ter fracassado?

Normalmente, em nossa cultura, não somos pessoas que planejam e organiza o curso de nossas vidas, a automotivação deveria ser o ponto de partida da mudança, mudar porque preciso, porque quero, porque vislumbro... A falta desses agentes faz com que os eventos (bons ou ruins) tenham lugar como agentes motivadores das mudanças. O Sofrimento deveria ser um evento aferidor de comportamento e não o agente. Assumir o controle da própria vida, tornando-se seu próprio agente de mudanças em substituição as emoções causadas ou não por eventos, é a maneira mais prática de alcançar o sucesso. 

8 - Quando alguém está desmotivado, o que deve fazer para sair desse estado?

Muita gente, em diversos níveis, é dependente exclusivamente dos fatores externos para se motivar, isso também é gerado por uma cultura de eventos, ou seja, precisa acontecer algo para mexer comigo. A automotivação é conquistada a partir de nossa decisão de buscar a melhoria da qualidade de nossos pensamentos, é na mente que tudo acontece, é lá que as perspectivas, possibilidades, projetos e decisões são tomadas. Uma mente sadia implica na administração adequada desses fatores, a motivação é resultado do equilíbrio entre a certeza de que estamos no caminho certo e os resultado disso, interna e externamente. A motivação deve girar muito mais em torno de nossa crença no sucesso do que no sucesso propriamente dito, uma vez que quando o alcançamos, esse se torna etapa vencida em nossa vida e logo se não tivermos novos projetos caímos no estado de desmotivação.

9 - O senhor sugere às pessoas não fazer julgamentos e comparações, por quê?

A maioria das pessoas tende a achar a 'grama do vizinho' mais verde, assim como tendem a esquecer os próprios defeitos e julgar o dos outros. Como evitar essas situações?

As pessoas são diferentes em muitas coisas, potencial, capacidade, oportunidade, e isso, interfere nas possibilidades e perspectivas de cada indivíduo. Ninguém detém o conhecimento completo desses quesitos em relação ao outro, portanto julgar sem conhecimento integral será sempre um risco. Quanto as comparações, ela cai no mesmo campo do julgamento, quando nos comparamos ou comparamos alguém com outros, estamos sugerindo uma igualdade quase absoluta de condições e isso além de injusto se torna uma pressão terrível. Sucesso deve ser, antes de outras perspectivas, uma questão individual, o que é o meu sucesso pode não ser o seu, a felicidade não tem um copo medidor, é diferente e depende de muitos fatores que cercam cada indivíduo. Tenho um amigo que sempre comenta sobre seus projetos e sonhos, é uma das pessoas mais íntegras emocionalmente que conheço, e, reparo nele um detalhe muito interessante, seus comentários sempre chegam no diminutivo: quero agora construir uma casinha, comprei meu carrinho, adoro minha mulherzinha, ganhei um cachorrinho... Isso poderia parecer uma deformação ou falta de ousadia quando ao futuro e suas possibilidades, não é, isso é sua fórmula da felicidade, é como ele vê a vida de suas perspectivas, é uma visão simples de si, sem comparações.

10 - Pode dar algumas dicas para quem deseja ser mais empático, seja no ambiente de trabalho, na família ou com os amigos.

Como disse no início, A empatia surge da comunicação entre o cérebro e o coração, quando a mente percebe e pede ao coração que o ajude na análise e nas ações. Isso pode parecer poético? Mas é. Vida tem que ter poesia, por isso as dicas básicas são simples, deixar-se tocar pelos melhores sentimentos da vida, reeducar-se no sentido de observar as belezas que o cercam, acordar mais cedo para ver o nascer do Sol, olhar fixamente para as fotos de família, sentir o cheiro das pessoas ao abraçar, criar ou aproveitar momentos mágicos, não perder a chance de estar junto, de dar uma boa risada, de comentar as necessidades do mundo, de não se esquecer que a maior necessidade começa dentro de nossa casa e depois segue no sentido vizinho-humanidade... Pieguismo? Outra dica, esqueça os rótulos. Empatia nos chama a renunciar a rótulos e do medo dos enquadramentos. Empatia implica em liberdade da personalidade e suas expressões, é quase um grito de independência aos rótulos e massificação que identifica todo mundo como todo mundo. Reeducação de dentro para fora é a base para se tornar empático e saber interiorizar os resultados.

Grande abraço, Múcio Morais      

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