| Síntese da Palestra -
Sabe aqueles momentos em que você apesar de tudo que tem, tudo que fez ou faz, tudo que ainda pode ser feito, se sente faminto e sedento? Sabe aquela angústia sem fundamento, sem aparente explicação, aquele desejo enorme de se sentir feliz e com os motivos para isso, mas a tal felicidade não está ali?
Nesta semana recebi e-mail de um
empresário de muito sucesso, diretor de uma holding no sudeste do Brasil,
estive em sua empresa ha alguns meses falando sobre a Síndrome de Burnout para
seus executivos, ele me narra uma situação pessoal intrigante, especialmente
para alguém de sua capacidade e com os resultados que tem, veja uma parte da
sua narrativa, (Atentarei exclusivamente às questões que desejo abordar,
preservarei evidentemente a identidade do meu amigo empresário):
Caro Múcio,
... Apesar de estar cercado por
assessores, me sinto sozinho, muitas vezes desorganizado pois meus sentimentos
não estão conectados com os processos que sigo, mas não consigo organizar as
coisas de maneira a estar em paz; Minha vida pessoal é um fracasso, não tenho
mais o relacionamento bonito que tinha com minha esposa, na verdade ela me
disse que estamos em crise e eu nem sequer percebo isso, falta tempo ou
sensibilidade? Meus filhos, tenho um casal, não me perguntam por nada, ah sim,
perguntam por dinheiro, por presentes, nada de intimidade, nenhum carinho, nem
perguntam por mim se estou bem ou não, estou ressentido, será que plantei isso?
Tenho tudo para ser feliz, conquistei o que desejava e confesso, fui muito além, mas apesar disso não me sinto em paz comigo mesmo, sofro, choro e não sei me definir: Estou em depressão ou a beira de desistir de tudo sem ter como explicar? Sua abordagem dos elementos essenciais da vida mexeu muito comigo, fez uma confusão positiva, mas não estou conseguindo ir além do que raciocinar sobre suas palavras, na verdade tem se tornado perturbadora a minha incapacidade de colocar em prática tudo que ouvi e gostei muito...
A literatura direcionada a este
público geralmente traz dicas e orientações eficazes sobre planejamento,
marketing pessoal, carreira e processos de liderança, mas não tenho visto quase
nada direcionada a orientar a organização interior ou espiritual de forma
consistente, em especial porque espiritualidade é quase sempre confundida com
religiosidade, o que não seria um grande problema, mas a religião em nosso país
está se tornando antipática e frívola frente às novas lideranças e modelos midiáticos
que aparecem a cada dia.
A questão de administrar
satisfatoriamente nossa vida passa pela mudança de nossas crenças e valores,
entendendo que em nossa cultura somos orientados a ter comportamentos e
sentimentos a partir de fatos externos, (Tenho tudo para ser feliz, conquistei
o que desejava e confesso, fui muito além, mas apesar disso não me sinto em paz
comigo mesmo, sofro, choro e não sei me definir: Estou em depressão ou a beira
de desistir de tudo sem ter como explicar?);
Como explicar a infelicidade de
alguém que aparentemente tem tudo? Esse
é um dos dilemas do meu amigo empresário, mas será que ele tem tudo mesmo?
Aparentemente não, o tudo a que ele se refere não tem o poder ou a função de
trazer felicidade e contentamento interior, sua vida interior não está
organizada, os valores estão distorcidos e ele está tentando encontrar ouro na
areia da praia, não está lá, na paria podemos encontrar a beleza da natureza, o
som confortante do mar, a brisa silenciosa trazendo o cheiro da vida, os raios de
sol iluminando e inspirando nossos pensamentos, o sentimento de ser parte do
universo ao tocarmos a areia com os nossos pés descalços...
Mas não é o lugar onde
encontramos ouro, e, se procurarmos não encontraremos e nos frustraremos, e
toda beleza e sensações da praia serão nulas pois o que precisamos naquele
momento ela não nos deu! Claro, não é lá o lugar a procurar!
O problema de não buscar no lugar
certo é que o lugar onde buscamos perde o brilho, por isso temos desencantos
com o patrimônio que conquistamos, em certos momentos da vida tudo que temos
parece inútil e é mesmo, pelo menos para a função de nos trazer paz, harmonia e
felicidade; É preciso construir de dentro pra fora, aniquilar com a crença de
que o “ter, estar e fazer” nos confere paz, harmonia e felicidade.
Começar um processo de construção
interior é a resposta para esse processo de insatisfação e carência, é de
dentro de nós que partem as decisões, é lá dentro que formamos as impressões, é
lá que está nossa identidade, autoestima, sensações, propósitos e senso de
valores.
Um ancião índio norte-americano
certa vez descreveu seus conflitos internos da seguinte maneira: "Dentro
de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom. Os dois
estão sempre brigando". Quando lhe perguntaram que cachorro ganhava a
briga, o ancião parou, refletiu e respondeu: "Aquele que eu alimento mais
frequentemente".
De certa forma podemos aplicar
esta história tirando um cachorro de dentro e jogando pra fora, mantemos a
briga, um cachorro de fora tentando entrar, latindo para o de dentro e outro
cachorro dentro tentando manter o equilíbrio e coordenar as ações do de fora.
Quem vai vencer?
Viver com nosso interior
desorganizado e desnutrido é o que causa as síndromes de insatisfação em nossa
vida, nosso maior campo de batalha está dentro de nós e não fora, portanto
precisamos entender isso redirecionando e redimensionando os rumos de nossas
ações. Investir por dentro tanto quanto ou mais do que se investe por fora,
alimentar o nosso “homem interior”, planejar, tomar tempo, reunir forças,
procurar apoio, definir objetivos e práticas de espiritualidade, alimentando a
alma, tornando-se forte e consistente interiormente.
Sucesso!
PALESTRA “ESPIRITUALIDADE NAS
EMPRESAS”
Este artigo é parte integrante da Palestra: Síndrome de Burnout, Perguntas e Respostas para uma vida feliz! | fone/WhatsApp 031 99389-7951 / e-mail: muciomorais@gmail.com