VAI UMA CRISEZINHA AI? - Múcio Morais

Síntese da Palestra

Lembro-me bem da passagem do ano de 2019 para 2020, um rebuliço, uma emoção diferente, parecia até o aguardo de um filho, o planeta estava atrasado 20 anos para o encontro fatal profetizado por Nostradamus, de 1000 passará e a 2000 NÃO CHEGARÁ. 

Vinte anos se passaram desde que eu me encontrava no interior do templo de uma Igreja logo na véspera do "grande dia", incrível, gente que eu não via há muitos anos estava lá, firme, rezando, orando, louvando, pedindo, choramingando, mantenho há mais de 30 anos o costume de estar na Igreja semanalmente, e, por isso conheço a turma toda, os que são frequentes e os que não são.

Um amigo que havia se declarado "praticamente ateu" se é que isso existe, estava lá, meio sem jeito, meio ressabiado e logo se justificou: Eu vim pra rever o pessoal, e ironicamente lhe respondi em tom de afirmação: É bom mesmo, já que corremos o risco de não ter mais planeta e nem pessoal pra ver. O Homem quase morreu, arregalou os olhos e começou a gaguejar, foi muito engraçado.

Porque estou me lembrando deste episódio trágico-cômico?

É que estamos perto de mais uma mudança de ano, muita gente que estava esperando o ano de 2020 chegar como se logo na passagem de ano fôssemos ter algum sinal evidente do final da  catastrófica e monstruosa "CRISE MUNDIAL, neste ano a COVID-19", as pessoas dizem pelas ruas, que este ano vá logo embora, não vai deixar saudades. Como se mudar o número do ano fosse mudar alguma coisa.

Um amigo ligou-me (empresário no ramo moveleiro) e fez a seguinte pergunta: E ai, preparado para enfrentar a onça em 2021? Meu amigo, eu não estarei preparado pra enfrentar onça nunca, nem em 2021 nem em 2051, minha estratégia com onças é diferente, meu negócio é correr mais que os pessimistas de plantão e deixar as onças pra eles, afinal de contas falam o tempo todo nesse tal enfrentamento, devem estar, portanto, preparados.

O tal 2020 está por acabar e te confesso uma coisa, terei que fazer uma reengenharia em meus hábitos profissionais, vejo tantas perspectivas que nem consigo dominar as minhas ideias, achei tantas oportunidades que estou com dificuldade de escolher, parece papo furado né? Pois pense assim mesmo, afinal tem muita gente esperando a chance para entrar no espaço que os pessimistas e derrotistas de plantão estão deixando nos últimos e próximos meses.

Para todos nós, essa crise que gerou todas as mudanças que tivemos que fazer, pode ir dando licença porque podemos e vamos decidir não nos mantermos em crise, mas entrar nos buracos que ela deixar por aí, e, pra falar a verdade, sou partidário da ignorância positiva. Você acha que não existe ignorância positiva? Existe sim, é aquela que não faz a sua mente ficar dando voltas pelo negativo, é aquela que exclui os profetas do acontecido, é aquela ignorância que te mantem saudável e não entupido de motivos para sair gritando por ai; 

Sabe da história do homem que vendia Laranjas?

Um sitiante criou sua família vendendo laranjas, todos os dias colocava caixas de laranjas em sua carroça e vendia a beira da estrada. Seu filho adolescente terminou o ensino médio e o homem decidiu que era hora do menino ir para a cidade, fazer faculdade, virar doutor. Mandou o menino, e cinco anos mais tarde quando o doutor voltou pra casa, começou a ajudar o Pai na administração do sítio.

Pra começar vamos comprar uma parabólica e uma TV, o senhor precisa saber o que anda acontecendo no mundo. Alguns dias depois decidiu, em face da crise, que era melhor diminuir a produção de Laranjas e mandar dois dos quatro empregados embora, mais um tempinho e logo mandou também os outros dois.

Reduziu a produção e consequentemente a disponibilidade de produtos para a venda, agora, vendemos somente uma caixa por dia, descobrimos estrategicamente o que o mercado consegue assimilar, consumir. Alguns meses depois faliram.

O PASSO A PASSO DO FRACASSO DE NOSSO SITIANTE:

1. Procurou informação em uma única fonte;

2. A Fonte não era especializada em sua área de atuação;

3. Assimilou toda informação e opiniões negativas como sendo absolutas;

4. Tomou medidas restritivas em escala, 

5. Tomou decisões pela "intuição" sem criar estratégias para manter e aumentar o que já era feito;

6. Imergiu-se nos problemas, deixou o negativismo assumir o controle, quebrou!

E concluiu o Pai: Ainda bem que mandei meu filho pra capital, se não eu estaria vendendo laranjas até hoje, sem saber que o mercado não consome mais laranjas.

E concluiu o filho: Culpa da crise, argumentou o rapaz, concordou o Pai, 

Hoje o sitiante trabalha na portaria de um edifício no centro de uma grande cidade, o doutor fez um concurso público e tem o seu garantido e o Pai Sitiante deve tudo isso ao filho informado, antenado, influenciado, alienado, capacitado.

Ignorar as dificuldades?  Não creio que seja esse o caminho, mas certamente não dar muita importância a elas pode ajudar. No que diz respeito à orientação que dou a meus clientes e amigos vou continuar sendo preciso nas análises, estrategista nas ações e irreverentemente motivado e proativo.

Continuem produzindo e vendendo laranjas, criem novas estratégias de vendas, inaugurem novos modelos de consumo, desenvolvam novos produtos cítricos, descubra quem parou e ocupem os espaços, pensem, repensem, ousem.

E o mercado? O mercado meu amigo, consome o que você der a ele! Você é o mercado, você faz o mercado. Não dê personalidade definitiva a algo que é tão volátil, experimente e verá!

Abraço a todos e sucesso,

Múcio Morais,

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