PARTIDOS POLÍTICOS - DE REPRESENTAÇÕES À FRANQUIAS


Prof. Múcio Morais 

Desde o impressionante insight de inspiração das lideranças partidárias quando da decisão de realizar coligações piramidais, ignorando completamente o processo de formação do pensamento político a partir das bases e não para ela. 

A Vida partidária tem se transformado em um verdadeiro exercício de administração do caos. As inovações trazem mudanças que vão desde a cobrança de “royalty” até, pasmem, a recomendação da famosa “vaquinha” como metodologia de autossustentabilidade. O bom e velho escritório do partido, antes um centro de discussões e desenvolvimento da cultura política do País, agora não pode sequer contar com uma sala e secretária. 

A Representação partidária nos municípios brasileiros está a muito abandonando sua vocação para se transformar em meras franquias, granjeadoras de fundos para as pretensões de poder do alto escalão. Funciona mais ou menos assim: Os diretórios municipais recolhem seus fundos (até 5% do salário dos vereadores e outras rendas) aos Estaduais que por sua vez repartem com os federais, resumindo, parece que a única coisa que os municipais tem em comum com os demais, são os “ais” que ficam na totalidade com o município. 

A falta de discernimento e bom senso são tão flagrantes que o “esquema” já é oficial. Um membro de destaque de um partido do interior de Minas Gerais me confidenciou que a única comunicação que recebeu por parte do diretório estadual em dois anos foi um “boleto” cobrando uma participação absurda, prova de que o diretório estadual e nacional desconhecem completamente a estrutura e o potencial financeiro de seu diretório no município. 

As franquias partidárias, na sua maioria, não passam hoje de um modelo arcaico e camuflado de captação de recursos e abrigamento de oportunistas, sem qualquer ideologia, missão ou serviço. Uma verdadeira inutilidade pública. 

O retrocesso político traz um prejuízo enorme ao país. A falta de atuação dos diretórios municipais trazem como consequência o distanciamento cada vez maior entre o povo e seus representantes. Parece-me que a elite política brasileira já admite em todas as instâncias que é preciso “ter para poder”, ou seja, fazer história e ser reconhecido por ela faz parte de uma política romântica, os líderes autenticamente ligados aos movimentos de conquista popular, hoje, são apenas marionetes que angariam fundos e militância para legitimar e alimentar o continuísmo, a falta de sensibilidade e a sede de poder das pseudo lideranças políticas. 

Os Partidos nos municípios brasileiros existem sob a égide do “mais um pra fazer volume” e estão cada vez mais distantes das necessidades gritantes de uma sociedade pluralista em todos os aspectos, em especial na necessidade de conquista da cidadania. Aspectos estes somente compreendidos com propriedade, dentro das nossas diversidades de regionalismos, pelos nativos, presidentes, diretores e militantes de cada município. Ignorar este fato básico e óbvio pode e certamente representará um rompimento definitivo e mortal na representatividade parlamentar. 

A administração partidária brasileira necessita urgentemente de um “choque de gestão” onde será colocada à prova sua pertinência como representação política e ideológica, onde será confrontada sua retórica e suas ações, onde serão requeridos sua cidadania enquanto coletivo político, onde será exigido seu projeto enquanto partido e não enquanto “poder” (A motivação de um partido deve ir muito além da simples luta pelo poder, e mesmo que jamais o conquiste deverá deixar sua marca na sociedade), O poder é efêmero, as necessidades sociais não, pelo menos enquanto o mundo for mundo. Partidos modernos e sintonizados com a população, irão gradativamente conquistar seu espaço no coração da comunidade, exigindo cada vez menos dependência do poder econômico e da mídia. 

Seguem aqui algumas sugestões para as administrações partidárias municipais: 

 • Procurem descobrir o pensamento da comunidade sobre as representações políticas municipais em geral; • Descubra os anseios e expectativas desta comunidade; • Defina um projeto de ação com base nos dados colhidos; • Organize-se de forma prática e simples, busque parcerias na iniciativa privada, nos movimentos sociais e outros; • Não condicione qualquer parceria à filiação ao partido; ajam como simplesmente como cidadãos; • Mantenha um atendimento mínimo para orientação em algumas instâncias críticas, por exemplo: Direito do Consumidor, Recuperação de dependentes químicos, Direitos da Criança e Adolescentes, Direitos dos Aposentados... • Organize um corpo de voluntários e sejam atuantes e presentes; • Organize debates e palestras com temas relevantes para a população; • Organize treinamentos profissionalizantes e faça parcerias com a iniciativa privada para absorver pelo menos parte da mão de obra; • Não adianta pessoas sem ideais e sem amor ao País; 

Tenho plena convicção de que medidas com este tipo de enfoque transformarão a vida política brasileira, atraindo gente com motivações éticas e legítimas, recuperando a credibilidade já perdida há muito tempo. Como cidadão me sinto constrangido e envergonhado com este degradante show dos políticos do Brasil. 

Meu apelo aos Senhores não é novo, nem será o último: acordem, sejam sérios, sejam éticos, sejam inteligentes, sejam sensíveis, sejam descentes, sejam GENTE! Em nome dos pais, dos filhos e de todos os municípios do Brasil! 

Múcio Morais Palestrante - Consultor (31) 99389-7951 / muciomorais@gmail.com 

ESCOLHENDO UM TREINAMENTO DE FORMA CONSISTENTE

ESCOLHENDO UM TREINAMENTO DE FORMA CONSISTENTE - Múcio Morais

O mercado empresarial passa hoje por um momento de conscientização, diversos conceitos estão caindo por terra, as mudanças vem a reboque de ...