A rocha nossa de cada dia – Aprendendo a viver livre
A massa emocional em que estamos metidos nos faz iguais, mas nivelados por baixo, que lástima, a pedra que mencionei em meu poema no início desse artigo fica guardada para maior parte das pessoas, embaladas e colocadas em lugar seguro e não visível.
Vi uma multidão e perguntei a alguém: Porque você está aqui? Ele me respondeu, não sei, mas todo mundo está. Fui então até outro e perguntei novamente: Porque você faz assim? Ele me respondeu, não sei, mas todo mundo faz!
Tentei de novo obter uma resposta que alimentasse a minha razão e fui então perguntado a um grupo no meio da multidão: Porque vocês se sentem assim? Eles me responderam: Não sabemos, mas todo mundo se sente assim hoje.
Decidi então parar e sentar-me em um ROCHA, sólida e estática que me convidava a pensar ao longo do caminho, pensei, pensei e percebi que não queria estar ali, muito menos fazer assim e aquele sentimento não era o meu. Resolvi mudar, redirecionar, viver, ser eu mesmo, tomar minhas decisões e levar aquela ROCHA comigo. (Extraído do e-book lágrimas da alma, IMM/2003, Belo Horizonte, pag 19, Morais Múcio).
Acho que cumprimentei umas 30 pessoas hoje, entre os funcionários do condomínio onde moro, alguns vizinhos no estacionamento, passando pela turma do cafezinho na padaria, nossos porteiros aqui no Instituto, pessoal no elevador, é sim, acho que somam umas 30 pessoas, nenhuma surpresa, parece até que as expressões foram ensaiadas, tanto na comunicação monossilábica quanto na expressão facial “politicamente correta” sorrisos amarelos, abanos de cabeça, me lembro de apenas um sorriso realmente vindo de algum lugar onde se sente outro ser humano, isso mesmo, a menina do jornal, que sorriso lindo, rápido sim, mas lindo, veio de dentro e com algum significado, ela me parecia mesmo feliz e com vontade de transmitir isso às pessoas.
A falta da busca por significado e sentido transforma as pessoas em seres apáticos e mecânicos, acabando por sufocar, à medida que esse exercício se mantém, o valor da experiência humana não coletiva.
Acabamos por terceirizar a vontade em todos os aspectos com os mais óbvios prestadores de serviço nessa área, os midiáticos formadores de opinião, quer na publicidade, quer na “arte”. As aspas são propositais, aprendemos na democracia e no comportamento politicamente correto que o direito de se expressar deve ser respeitado e até mesmo adorado desde o “oco” até o “complexo”, artistas (em todas as suas expressões e funções) não pecam, os midiáticos não erram, só constroem ou destroem e deixam o lixo pra traz.
De vez em quando um desabafo, um tumulto, uma manifestação, mas mantendo sempre o coletivo, juntos queremos, reivindicamos, lutamos; Separados caminhamos como todo mundo. A individualidade é coletiva enquanto o coletivo é individual, a receita do bolo sem sabor parece simples. Vivo como todo mundo mas não sou feliz, sou feliz como todo mundo, mas não vivo.
Quero como todo mundo quer, mas não sei exatamente o que, sei o que quero mas não sei se é assim mesmo, não sei se todo mundo quer. Há alguns dias estive com uma equipe de profissionais de engenharia, um dia de reflexão, chamo isso de “Oficina de Desenvolvimento Pessoal – Vida em foco” ao final a turma estava super animada e algumas palavras dos jovens que lá estavam me deixaram feliz quanto ao presente e futuro em nossa sociedade, eles estavam pensando, questionando, contestando coisas que acreditavam e faziam sem saber porque, mas o melhor disso, não era um movimento sindical da alma, era um imersão neles mesmos, uma busca, um entendimento de que a resposta estava lá, bastava procurá-la, sem revanchismos nem fisiologismos imateriais, apenas pensando e aprendendo a ser livre.
Aprender a ser livre é um exercício diário, por um pequeno descuido nos tornamos escravos, alguns desses senhores estão dentro de nós, nos alforriam e nos prendem quase todos os dias, coisas que parecem ser, mas não são, obstáculos que parecem grandes, valores que parecem imutáveis, diferenças que parecem insuperáveis, culpas que parecem indesculpáveis, motivos que parecem inquestionáveis, sentimentos que parecem legítimos, furacões que parecem incontroláveis, aprender a ser livre traz a noção de que nossa vida vai refletir em ouros e vice versa, administrar a responsabilidade com a felicidade, não existe perfeição nesse aprendizado, o que existe é a noção de que é preciso aprender sempre, por isso a vida não diploma a ninguém.
Acordar, pensar, avaliar, aprender, decidir e nesse processo descobrir a felicidade de viver fazendo e fazer vivendo feliz.
Bom aprendizado a todos nós!
Múcio Morais
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